Os reajustes salariais realizados em fevereiro ficaram abaixo da inflação para 60% dos trabalhadores, aponta boletim divulgado pelo Dieese após análise de 119 casos no mês passado. Segundo a entidade, outros 15,1% dos acordos coletivos tiveram reajustes equivalentes ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) e 24,4% conseguiram aumento real.
Os dados do boletim também mostram que a variação real (média dos reajustes após descontada a inflação) segue negativa. Em fevereiro, ficou em -0,98%. A inflação no país segue em ritmo acelerado. No acumulado dos últimos 12 meses até fevereiro, o IPCA, principal indicador de inflação do Brasil, está em 10,54%.
O sociólogo Luís Ribeiro, que atua no Sistema de Acompanhamento de Informações Sindicais do Dieese, explicou, em entrevista à Rádio Brasil Atual, que a situação tende a piorar nos próximos meses, em função do impacto da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.
“Esses dados, mesmo preliminares, mostram as dificuldades que os sindicatos e os trabalhadores estão enfrentando para conseguir a recomposição dos salários. A conjuntura é ruim. O Brasil tem mais de 12 milhões de desempregados, registra queda na renda média e sente os impactos da guerra na Ucrânia, que tem afetado bastante a inflação com a alta do petróleo e o gás de cozinha. O Banco Central também anunciou que vai aumentar ainda mais a taxa de juros e esses elementos impactam negativamente nas negociações coletivas”, disse o sociólogo.
Ainda de acordo com os dados do boletim do Dieese, no total do primeiro bimestre deste ano, 37% dos reajustes salariais ficaram abaixo do INPC. Outros 32% dos acordos ficaram acima e 31% equivalentes à inflação. A variação média também é negativa: -0,48%.
O valor médio dos pisos salariais dos trabalhadores também foi analisado pela entidade sindical no primeiro bimestre e ficou em R$ 1.370,84.
Redação do ICL Economia
Com informações da Rede Brasil Atual