Impulsionada principalmente pelo setor agropecuário, a balança comercial, até a segunda semana de outubro, acumula superávit de US$ 49,8 bilhões. Porém, o resultado é 10,5% abaixo do que foi registrado no mesmo período de 2021 (R$ 53,5 bilhões). Os dados foram compilados pelos economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli, no Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado.
O saldo da balança é fruto da diferença entre as exportações (US$ 266,7 bilhões) e as importações (US$ 216,9 bilhões) do começo do ano até a segunda semana do mês. No mesmo período do ano passado, as exportações somaram US$ 235,9 bilhões, ao mesmo tempo as importações ficaram em US$ 177,4 bilhões.
Quando se analisa somente o mês de outubro, o superávit é de US$ 2,12 bilhões, resultado da diferença de US$ 13 bilhões em exportações e de US$ 10,9 bilhões em importações.
Segundo os economistas, o volume transacionado continuou mais expressivo neste momento do que no mesmo período do ano anterior, uma vez que em apenas duas semanas a quantidade transacionada já é maior do que o registrado em todo o mês de outubro de 2021. “Porém, o problema de se conseguir maiores saldos do que os anteriormente registrados persiste, já que o volume importado tem se elevado com maior velocidade do que o volume exportado. Com isso, o saldo da balança tem ficado cada vez mais distante dos resultados obtidos em 2021”, pontuaram.
De acordo com eles, o setor agropecuário vem expandindo suas exportações, com aumento de 98,9%, resultado principalmente do aumento de exportação de milho (447,5%), de arroz (1.382%), de café (52,2%), de soja (62,3%) e de algodão (37,3%).
“Porém, as exportações da agropecuária parecem estar cada vez mais concentradas nesses itens, pois os demais apresentaram forte queda, de 12%. Isso é condizente com os dados que mostram cada vez mais concentração no plantio brasileiro em poucos itens voltados para a exportação”, observaram.
Economia chinesa tem afetado indústria extrativa, impactando na balança comercial brasileira
A indústria extrativa este ano vem sofrendo bastante com a desaceleração da economia chinesa. Em outubro a situação não foi diferente. Houve nova queda na produção quando comparada ao ano anterior. Em termos gerais, houve baixa de 22,7%, puxada principalmente pelo minério de ferro (-46,6%), pelos óleos brutos de petróleo (-5,3%) e por demais itens não listados (-70,1%).
Esse movimento ocorreu mesmo com uma alta expressiva de alguns itens, como o minério de cobre, que cresceu 88,7% e outros minerais brutos, com alta de 113,4%. “Esse resultado mostrou que a queda seria ainda maior, caso não ocorresse essa alta de outros minérios para superar a baixa venda de minério de ferro na parcial do mês de outubro”, disseram os economistas no boletim.
Por sua vez, a indústria de transformação vem tendo um ano relativamente bom, com altas consideráveis se comparado ao mesmo período do ano anterior. Em termos gerais, houve crescimento de 34,7%, puxado principalmente pela carne bovina (+182,9%), indústria automobilística (+128,1%), farelo de soja (+72,8%), açúcares e melaços (+71,5%), celulose (+68,7%), petróleo (+55,8%) e carne de aves (+45,86%).
Segundo Magagna e Campedelli, não ocorreu, neste mês, nenhuma queda considerável entre os produtos listados acima, o que contribuiu para o bom desempenho do setor mais uma vez neste ano.
Em âmbito geral, eles avaliam que o mesmo diagnóstico ocorrido nos outros meses pode ser aplicado neste momento para avaliação da balança comercial brasileira. “Houve um volume bem maior de bens transacionados, porém com um saldo menor. A queda deste saldo está vindo da indústria extrativa, que vem perdendo exportações ao longo do ano, com a queda da demanda chinesa por bens desta natureza, principalmente minério de ferro. Isso faz com que, numa situação de comércio internacional mais aquecido do que vimos no ano anterior, o saldo acabe ficando abaixo daquilo que era esperado para este ano, se comparado ao mesmo período do ano anterior”, apontaram.
Redação ICL Economia
Com informações do “Economia para Todos – Boletim Diário de Notícias Econômicas e Atualização do Mercado”