Após revisão, a queda do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro, em 2020, passou de 3,9% para 3,3%, com maior recuo no setor de serviços. Os dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na sexta-feira (4). O resultado de 2020 veio após três anos consecutivos no azul. As altas foram de 1,3% em 2017, de 1,8% em 2018 e de 1,2% em 2019. A queda de 3,3% foi a maior desde 2016, quando também ficou em 3,3%. O maior tombo da série histórica do IBGE, com dados desde 1996, foi em 2015. À época, o PIB despencou 3,5%. A consolidação dos resultados costuma ocorrer dois anos após o período de referência, no caso de 2020, a revisão foi feita em 2022.
A revisão do PIB é um procedimento padrão do IBGE. Os números atualizados integram o Sistema de Contas Nacionais. O IBGE informa que sempre ocorrem revisões dos dados preliminares em relação aos definitivos, com mais fontes de informações. O levantamento agrega novos dados do IBGE e de fontes externas, mais amplos e detalhados, na comparação com as divulgações do PIB feitas a cada três meses.
Queda do PIB reflete paralisação do setor de serviços, essencial para a economia brasileira atualmente
Em 2020, a disseminação do Covid-19 forçou a adoção de medidas de isolamento social, resultando em menor circulação de pessoas e uso de serviço, principal segmento da economia brasileira sob a ótica da oferta. Segundo informações do IBGE, após a revisão do PIB, foi uma queda muito localizada no setor de serviços, principalmente nos serviços presenciais, paralisados durante a pandemia, como hotéis, restaurantes, cinema e entretenimento, viagens e serviços domésticos.
Nos grandes centros urbanos e para economia real do Brasil, há uma dependência, cada vez maior, dos serviços para termos algum nível de atividade econômica no país, explicam os economistas do ICL, André Campedelli e Debora Magagna.
“A única outra área importante do PIB, que ainda apresenta certo nível de atividade é a agropecuária, mas sua participação na formação geral do PIB é baixa (menos de 10%), além de ser um setor em que os recursos e os ganhos ficam muito concentrados e restritos a poucas pessoas. Dessa forma, nos grandes centros urbanos e para economia real do Brasil, tem acontecido uma dependência cada vez maior dos serviços para termos algum nível de atividade econômica no país, o que é um péssimo sinal”, afirmam os economistas.
Em valores correntes, o PIB foi calculado em R$ 7,6 trilhões em 2020. A revisão do PIB decorreu, principalmente, da incorporação de novos dados sobre o setor de serviços, sinalizou o instituto. O setor passou de uma queda de 4,3% para uma baixa menos intensa, de 3,7%.
O desempenho da indústria também teve mudança com a revisão do PIB: de retração de 3,4% para recuo de 3%. Já o crescimento da agropecuária em 2020 ficou maior, de 3,8% para 4,2%.
O consumo das famílias, que representa 61,8% do PIB pela ótica da demanda, caiu 4,5% com a revisão do PIB. Já o investimento produtivo na economia, medido pela FBCF (formação bruta de capital fixo), somou R$ 1,3 trilhão em 2020, registrando queda de 1,7%.
A taxa de investimento, que consiste na razão entre a FBCF e o PIB, foi de 16,6%. Avançou 1,1 ponto percentual em relação a 2019. Segundo os dados preliminares do IBGE, o PIB voltou a crescer em 2021. A alta foi estimada inicialmente em 4,6%.
O avanço no ano passado ocorreu em meio ao retorno de atividades econômicas graças à vacinação contra a Covid-19. O resultado consolidado de 2021 será divulgado em 2023 pelo IBGE.
Para o ano de 2022, analistas do mercado financeiro projetam uma alta de 2,76%, conforme o boletim Focus, publicado pelo BC (Banco Central). A avaliação é que a atividade econômica ainda mostra reflexos da reabertura após os prejuízos na pandemia. Também há efeitos da liberação de recursos às vésperas das eleições pelo governo Jair Bolsonaro (PL).
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias