Dois dias depois da divulgação do escândalo contábil de R$ 20 bilhões que fez a rede Americanas tombar na Bolsa brasileira e perder mais de R$ 8 bilhões de seu valor de mercado, os acionistas minoritários da empresa, por meio da Abradin (Associação Brasileira de Investidores), apresentaram, nesta sexta-feira (13), denúncia à CVM (Comissão de Valores Mobiliários). Eles pedem a apuração de responsabilidades sobre as “inconsistências contábeis” reveladas pela empresa na última quarta-feira à noite (11).
Os acionistas minoritários pedem que também seja investigada a empresa de auditoria PwC, responsável por analisar os balanços contábeis da companhia, e que também auditou a Petrobras à época do escândalo da Lava Jato. “Chamou muito a atenção da Abradin a absoluta imperícia da empresa auditora, a PwC, bem como a omissão do conselho fiscal da empresa. Custa-nos, ainda, acreditar que tal fato seria desconhecido das administrações anteriores e mesmo de seus acionistas controladores”, diz o documento entregue à CVM.
Desde que divulgou a nota ao mercado financeiro sobre a saída de Sérgio Rial do comando da empresa, na quarta à noite, a Americanas não divulgou mais nenhuma nota a respeito do assunto. Apenas Rial participou ontem de uma conferência online com investidores internos de um banco, fato, aliás, que tem sido questionado por agentes do mercado.
Na denúncia, a Abradin pede ainda que sejam aplicadas as punições administrativas cabíveis aos responsáveis pelas inconsistências contábeis e que as investigações conduzidas pela área técnica da autarquia sejam encaminhadas ao Ministério Público “a fim de que as devidas medidas judiciais sejam tomadas”.
Ademais, a associação ainda questiona o termo utilizado pela Americanas. “Chamar de ‘inconsistências’ os fatos relatados não passa da tentativa de emplacar um eufemismo para uma fraude multibilionária”.
Diretores da americanas venderam quase R$ 212 milhões em ações da empresa no segundo semestre do ano passado
À medida que o tempo passa, novas informações a respeito da Americanas são divulgadas, o que complica ainda mais o imbróglio envolvendo a rede de comércio varejista. Uma reportagem publicada pelo jornal O Globo nesta sexta-feira, relata que executivos da empresa venderam quase R$ 212 milhões em ações da companhia durante o segundo semestre do ano passado. Os cálculos foram feitos pela Reuters com base em informações divulgadas pela empresa ao mercado ao longo do período.
De acordo com a reportagem, os acionistas controladores e membros do conselho de administração da rede de varejo não venderam volumes relevantes de ações entre julho e o final de setembro. O rombo de R$ 20 bilhões é referente aos primeiros nove meses de 2022 e anos anteriores.
Conforme explicou Rial ontem, a Americanas não registrou o montante de forma apropriada nos balanços corporativos da empresa.
A reportagem de O Globo ainda diz que os documentos publicados no portal de relacionamento com investidores da Americanas mostram que a venda das ações não especifica os nomes da diretoria que fizeram essas operações.
Sérgio Rial assumiu a Americanas em 2 de janeiro e deixou o comando da empresa 10 dias depois. Ele substituiu Miguel Gutierrez. A troca de comando foi anunciada em agosto do ano passado.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do jornal O Globo