O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central vai anunciar, nesta quarta-feira (1º), a nova taxa Selic. A expectativa do mercado é de manutenção nos atuais 13,75%. O último ajuste para cima da taxa básica de juros da economia brasileira ocorreu em agosto do ano passado, quando passou de 13,50% para o percentual atual. Desde setembro, a Selic permanece no patamar de hoje.
A expectativa do mercado financeiro, conforme o Boletim Focus divulgado pelo BC, é de que a Selic comece a ceder somente em setembro deste ano. Por outro lado, as instituições financeiras consultadas para o relatório semanalmente vêm ampliando suas expectativas para a inflação oficial, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o que joga pressão sobre o Banco Central.
Na última edição do Boletim Focus, as cem instituições consultadas subiram de 5,48% para 5,74% a projeção de inflação, diante das incertezas dos cenários econômicos externos e interno. A meta estipulada para o indicador este ano é de 3,25%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, se a projeção do mercado for confirmada, a meta será estourada novamente, a exemplo do que ocorreu nos últimos dois anos.
Sobre a Selic, a expectativa do mercado, conforme o último Boletim Focus, é de que a taxa encerre 2023 em 12,5% ao ano. Para o fim de 2024, a estimativa é de que a taxa básica caia para 9,5% ao ano. Já para 2025 e 2026, a previsão é de Selic em 8,5%, ao final dos dois anos.
O patamar atual da Selic é o maior desde novembro de 2016.
Taxa Selic elevada traz vários reflexos negativos para a economia. Lula e outros membros de sua equipe já externaram críticas aos juros atuais no país
O ciclo de 12 altas seguidas na Selic começou em março de 2021 e só foi interrompido na reunião de 21 de setembro de 2022. Apesar de não haver aumento da taxa Selic desde setembro, o Brasil segue na liderança do ranking mundial de juros reais mais altos do mundo.
Como diz o nome, a taxa básica de juros é a base para todas as demais taxas que permeiam a economia brasileira. Entre os seus efeitos negativos estão aumento de juros bancários, o que encarece as operações de crédito; redução de consumo da população, pois os juros altos contribuem para reduzir o poder de compra; redução de investimentos, o que impacta, negativamente, no crescimento da economia brasileira, do emprego e, como dito, da renda; além de aumentar as despesas do governo com a dívida pública.
O único aspecto positivo é que as aplicações em renda fixa (Tesouro Direto e debêntures) podem render mais, mas isso não significa mais dinheiro no bolso do brasileiro, devido ao impacto de todos os outros efeitos negativos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, já criticaram publicamente o patamar dos juros no Brasil. Mas como o Banco Central é independente, o governo não pode intervir nessa esfera.
Lula, por exemplo, defendeu mudanças na meta de inflação como estratégia para redução do juro. Ontem (31), Haddad disse que conversou com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre medidas para baratear o crédito no país.
“Conversei com o presidente do BC em São Paulo sobre uma agenda rápida de crédito no Brasil, sistema de garantias, diminuição do spread, e melhoria do ambiente de concorrência para que haja mais crédito barato no Brasil. Isso é um grande impedimento do crescimento econômico. O crédito caro impede os negócios”, declarou o ministro.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias