A rede varejista Americanas S.A. divulgou, nesta manhã de quinta-feira (16), seu balanço financeiro de 2022, no qual reporta prejuízo financeiro acumulado de R$ 12,9 bilhões, o dobro do registrado em 2021. Os números negativos, segundo a companhia, resultam do fraco desempenho operacional e elevada despesa financeira da empresa no ano passado.
A varejista fechou o ano de 2021 com prejuízo líquido de R$ 6,237 bilhões, número revisado após revelação de uma das maiores fraudes contábeis do país. Esse foi um ano em que Americanas havia anunciado um lucro líquido de R$ 544 milhões, bem acima dos R$ 315 milhões de 2020.
A empresa, que passa por recuperação judicial após divulgação de um rombo bilionário em seu balanço financeiro, encerrou o ano com um patrimônio líquido negativo de R$ 26,7 bilhões e dívida líquida real de R$ 26,3 bilhões.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) também ficou negativo, em R$ 6,2 bilhões, segundo as demonstrações financeiras auditadas e enviadas à CVM (Comissão de Valores Mobiliários).
Por sua vez, a receita líquida consolidada atingiu a marca de R$ 25,8 bilhões. No total, o resultado financeiro consolidado em 2022 foi negativo em R$ 5,2 bilhões.
A expectativa da Americanas é de que, até dezembro de 2025, o patrimônio líquido da empresa ficará no positivo e a dívida financeira bruta será por volta de R$ 1,5 bilhão.
No entanto, destacou que o resultado futuro depende de fatores conjunturais, “alheios à vontade” da empresa.
Balanço da Americanas é o primeiro divulgado desde que a empresa entrou com plano de recuperação judicial, em março
Os números divulgados nesta manhã são os primeiros desde que a Americanas entregou seu plano de recuperação judicial, em março, à 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro.
Em 2021, a empresa havia supostamente registrado o maior lucro da história, de R$ 731 milhões. Contudo, fraudes financeiras foram encontradas nos balanços anteriores da empresa.
A Americanas entrou com um pedido de recuperação judicial em janeiro de 2023, na 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. À época, as dívidas da empresa somavam R$ 43 bilhões, entre aproximadamente 16,3 mil credores.
“Será uma recuperação judicial bem complexa. Além das margens, que são extremamente baixas para a companhia, outro ponto de bastante atenção é a ‘qualidade’ dos credores”, disse a empresa no começo deste ano.
O plano da varejista, apresentado no limite do prazo estabelecido pela Justiça, incluiu aporte de R$ 10 bilhões, além de vendas de ativos, leilão reverso e conversão de dívidas em ações. Entre os bens a serem vendidos estavam aeronave avaliada em mais de R$ 40 milhões e uma rede de hortifruti.
O aporte bilionário, diz o documento, seria feito pelo trio de acionistas de referência da empresa: Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles e Carlos Alberto Sicupira, donos da 3G Capital.
O plano aprovado pelo Conselho de Administração da Companhia estabeleceu também medidas para que a Americanas supere os problemas financeiros e continue suas atividades.
“A Americanas segue focada em busca de um consenso para a aprovação do Plano de Recuperação Judicial, com avanço significativo nas negociações após o anúncio da capitalização de R$ 12 bilhões por parte dos acionistas de referência”, informou a empresa em nota divulgada nesta quinta.
Desde janeiro, as ações da companhia caíram 91,14%, de R$ 9,03 para cerca de R$ 0,80.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1