O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chamou hoje (11) o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, de “teimoso”, durante o programa semanal Conversa com o Presidente, transmitido pelas redes sociais do petista e do governo. O adjetivo foi uma referência ao fato de Campos Neto insistir em manter a taxa de juros no patamar de 13,75% ao ano. No entanto, Lula acredita que a partir da próxima reunião, em agosto, a Selic começará a cair.
“A inflação está caindo e logo vai começar a abaixar a taxa de juros. O presidente do Banco Central é teimoso, mas não tem mais explicação [para o patamar atual da Selic]”, disse.
Nesta terça-feira, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a inflação oficial do mês de junho, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), caiu 0,08%, ficando 0,31 ponto percentual (p.p.) abaixo da taxa de 0,23% registrada em maio. Essa é a menor variação para o mês de junho desde 2017, quando o índice foi de -0,23%.
Os grupos alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%) foram os que mais contribuíram para o resultado do mês. Também registraram quedas os artigos de residência (-0,42%) e comunicação (-0,14%).
Com o resultado divulgado hoje, no acumulado de 12 meses a inflação oficial se aproxima da meta.
Para a próxima reunião, a expectativa do mercado é de que a taxa básica de juros tenha um corte sutil, de 0,25 ponto percentual.
Para economista do ICL, deflação não pode ser atribuída ao atual patamar da taxa de juros
A inflação divulgada hoje é a deixa para economistas dizerem que não faz mais sentido o Copom não baixar os juros, que está sendo mantido no patamar atual desde agosto do ano passado. Há quem diga que a autoridade monetária já devia ter iniciado os cortes antes.
Na contramão de alguns analistas do mercado financeiro, que dizem que a deflação registrada em junho é consequência da Selic no atual patamar, o economista do ICL André Campedelli explicou que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
“A deflação ocorrida em junho não pode ser atribuída à política de taxa de juros do Banco Central. A maior queda ocorreu justamente em itens pouco ou nada sensíveis à taxa de juros, que são os alimentos, que tem seus preços regulados pela oferta disponível e pela safra deles”, disse.
A queda, segundo Campedelli, também foi atribuída aos combustíveis, “preços administrados nada sensiveis à taxa Selic e que são definidos pela Petrobras a partir dos custos de produção”.
Por fim, o economista enfatizou que a principal consequência da Selic em 13,75% ao ano foi “evitar um aumento ainda maior da atividade econômica brasileira, principalmente nas áreas urbanas, já que o PIB [Produto Interno Bruto] depende atualmente do setor agropecuário para seu crescimento”.
Os juros mais altos também tornam os processos de tomada de crédito e financiamento mais caros, tanto para a população quanto para as empresas.
Para o economista André Perfeito, “vai ficar muito chato se o BC não cortar os juros” na próxima reunião.
“As coisas vão se encaixando e isso tudo vai construindo um bom momento. Joga uma pressão sobre o colegiado do Banco Central, que nos dias 1 e 2 de agosto terá o debate e ficará muito chato se não cortar a taxa de juros, no sentido de que acabaram as possíveis justificativas”, disse à reportagem do G1.
Mas, na expectativa dele, o corte pode vir até maior, de 0,50 ponto, ou seja, acima do que espera o mercado.
“É a cara dessa diretoria. Eles cortaram mais forte do que esperavam, eles subiram mais forte do que esperavam e deixaram de lado mais tempo do que esperavam. Então, talvez eles possam iniciar um corte mais forte do que se esperava”, completou.
Lembrando que a reunião de agosto será a primeira com participação do ex-número dois da Fazenda, Gabriel Galípolo, novo Diretor de Política Monetária do BC.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1