Na ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), divulgada na manhã desta terça-feira (8), o Banco Central indica que continuará reduzindo a taxa de juros Selic nas próximas reuniões, mas no mesmo ritmo adotado na decisão passada. Ou seja, o que se pode esperar daqui para a frente da autoridade monetária são reduções na margem do 0,50 ponto percentual, e nada acima disso.
No dia 2 de agosto, em convergência com as expectativas do mercado e após muita pressão do governo, de empresários e da sociedade, o Copom reduziu a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, tirando-a do patamar de 13,75% para 13,25% ao ano, no primeiro corte realizado desde agosto de 2020.
Conforme publicado na ata, o Copom explica que uma redução da taxa Selic em 0,25 ponto percentual ou em 0,5 ponto percentual, ambas avaliadas na semana passada, eram “compatíveis com a convergência da inflação para a meta” nos próximos anos.
No Boletim Focus divulgado ontem (7), documento elaborado pelo BC com projeções financeiras de mais de cem instituições, os agentes do mercado esperam por uma diminuição ainda maior até o final deste ano da taxa Selic.
Na avaliação dos agentes consultados, a taxa básica deve encerrar 2023 em 11,75% ao ano. Na semana passada a previsão era de 12% ao ano.
Trecho da ata diz: “Durante o debate, o Comitê julgou haver mérito tanto na opção de reduzir a taxa Selic em 0,25 ponto percentual como em 0,50 ponto percentual, reforçando que, qualquer que fosse a decisão, era consensual que um cenário com expectativas de inflação com ‘reancoragem’ apenas parcial, núcleos de inflação ainda acima da meta, inflação de serviços acima do patamar compatível com a meta para a inflação e atividade econômica resiliente requer uma postura mais conservadora ao longo do ciclo de flexibilização da política monetária [corte dos juros]”, informou o BC.
Ata do Copom sinaliza que há “unanimidade” para cortes futuros da taxa de juros em 0,50 p. p.
Na reunião que definiu o corte da taxa Selic em 0,50, a decisão não foi unânime. Dos nove diretores do colegiado, cinco votaram pelo corte de 0,50 p.p. e quatro por 0,25 p.p. O voto de minerva foi de Roberto Campos Neto, presidente do BC e último a votar.
A ata divulgada hoje, porém, indica que houve “unanimidade” sobre a previsão de cortes futuros de 0,5 ponto na Selic.
Os membros do comitê avaliaram que “esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”.
“Tal ritmo conjuga, de um lado, o firme compromisso com a reancoragem de expectativas e a dinâmica desinflacionária e, de outro, o ajuste no nível de aperto monetário em termos reais diante da dinâmica mais benigna da inflação antecipada nas projeções do cenário de referência”, afirma trecho do documento.
Apesar disso, o Copom sinaliza para o fato de que o “cenário ainda inspira cautela, reforçando a visão de serenidade e moderação que o Comitê tem expressado”, e que é “pouco provável uma intensificação adicional do ritmo de ajustes” – ou seja, cortes mais agressivos que 0,5 ponto.
Mas o colegiado reforça que a intensificação do ritmo de queda da Selic “viria apenas com uma alteração significativa dos fundamentos da dinâmica da inflação, tais como uma reancoragem bem mais sólida das expectativas, uma abertura contundente do hiato do produto ou uma dinâmica substancialmente mais benigna do que a esperada da inflação de serviços”.
O texto diz, ainda, que a “extensão do ciclo” de corte de juros dependerá da “evolução da dinâmica inflacionária”. O Copom não projeta, no entanto, qual será o novo patamar da Selic ao fim desse ciclo.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias