Banco do Brics planeja empréstimos em diferentes moedas. Brasil estuda usar moeda chinesa nas transações com a Argentina

Banco do Brics, sediado em Xangai, está avaliando os pedidos de adesão de cerca de 15 países e provavelmente deve aprovar a entrada de quatro ou cinco
23 de agosto de 2023

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou na terça-feira (22), durante Cúpula do Brics na África do Sul, que o governo estuda usar o yuan, moeda oficial da China, nas transações com a Argentina. Para Lula, a moeda chinesa pode auxiliar o país vizinho, que passa por uma severa crise financeira. Por outro lado, o NDB (Novo Banco de Desenvolvimento), nome oficial do Banco do Brics, planeja emprestar nas moedas sul-africana e brasileira como parte de um plano para reduzir a dependência do dólar e promover um sistema financeiro internacional com outros protagonistas. O banco sediado em Xangai está avaliando os pedidos de adesão de cerca de 15 países e provavelmente deve aprovar a entrada de quatro ou cinco.

Segundo declaração da presidenta do Banco do Brics, Dilma Rousseff, para o Financial Times, há a expectativa de emprestar entre US$ 8 bilhões [R$ 39,5 bi] e US$ 10 bilhões este ano [R$ 49,4 bi]. A entrevista foi publicada no jornal Folha de S Paulo. “Nosso objetivo é alcançar cerca de 30% de tudo o que emprestamos… em moeda local”, disse Dilma, segundo a reportagem.

Dilma informou que o Banco do Brics emitiria dívida em rand para empréstimos na África do Sul e faria a mesma coisa no Brasil com o real. “Vamos tentar fazer uma troca de moeda ou emitir dívida. E também em rúpias.” O banco já empresta em renminbi. A expansão do empréstimo em moeda local apoia um objetivo maior acordado pelas nações do Brics de incentivar o uso de alternativas ao dólar em transações comerciais e financeiras.

Na cúpula do Brics, Lula volta a defender moeda alternativa ao dólar

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Crédito: Envato

Na reportagem publicada no site G1, o presidente Lula voltou a defender a necessidade de se encontrar alternativas ao dólar, a moeda oficial dos EUA, utilizada como referência nas operações comerciais entre países.

O governo brasileiro discute há meses formas de auxiliar o país vizinho e garantir o pagamento das exportações de empresários brasileiros para a Argentina. “O Haddad [ministro da Fazenda] estava conversando com a Argentina, e é possível a gente ajudar a Argentina tendo como moeda do yuan, sabe, aqui da China”, disse Lula.

Principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, a Argentina convive com inflação alta e tem dificuldades para manter divisas em dólar, o que justifica a busca por uma alternativa nas transações internacionais.

“Tem país como a Argentina que não pode comprar dólar agora, está em uma situação muito difícil porque não tem dólar. Para vender para o Brasil, não deveria precisar de dólar. Vamos trocar nossas moedas, e os Bancos Centrais fazem os acertos no final do mês. Ou Brasil e China, ou Brasil e Índia”, argumentou Lula.

O presidente tem defendido a criação de uma moeda sul-americana para servir de base no comércio na região, sem que o Brasil, por exemplo, abandone o Real. “A gente não pode depender de um único país que tem o dólar, de um único país que bota mais dinheiro para rodar dólar e nós somos obrigados a ficar vivendo da flutuação dessa moeda. Não é correto”, disse Lula.

A China tem apostado em acordos com países para utilizar o yuan nas transações bilaterais. O governo argentino anunciou, em abril, a adoção do yuan para pagar importações vindas da China, por exemplo.

Em março, o Banco Central brasileiro informou que assinou um memorando de entendimentos com Banco Central da China (PBC) para viabilizar um instrumento financeiro que permita que operações comerciais entre os países sejam feitas na moeda chinesa, e convertidas em reais de “forma mais rápida e menos custosa”, sem a necessidade do dólar como intermediário.

Redação ICL Economia
Com informações do site G1, da Folha de S Paulo 

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