Banco Mundial eleva crescimento do PIB do Brasil para 1,7% este ano e diz que situação fiscal não preocupa ‘tanto’

"É importante sabermos que temos uma base muito sólida no Brasil, com boas reservas e uma boa gestão macroeconômica", afirmou o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, William Maloney.
11 de abril de 2024

O Banco Mundial elevou o crescimento da economia brasileira de 1,5% (dado de janeiro) para 1,7% em 2024, conforme relatório divulgado ontem (10). Para os anos de 2025 e 2026, a instituição prevê o crescimento da economia brasileira em, respectivamente, 2,2% e 2%.

O relatório ainda destaca que a economia da América Latina e Caribe está ganhando a batalha contra a inflação, mas os países continuam com crescimento baixo.

A projeção de crescimento da economia brasileira pelo Banco Mundial está um pouco abaixo do projetado pelo mercado financeiro, que elevou de 1,89% para 1,90% a previsão de alta do PIB este ano, em linha com a expectativa do próprio Banco Central.

Para 2025, a previsão de crescimento da economia brasileira ficou estável em 2%.

Durante a divulgação do documento, o economista-chefe do Banco Mundial para a América Latina e Caribe, William Maloney, afirmou ainda, em entrevista coletiva, que a situação fiscal do país não preocupa tanto a instituição.

“É importante sabermos que temos uma base muito sólida no Brasil, com boas reservas e uma boa gestão macroeconômica”, afirmou o economista. “Houve um aumento das taxas de juros nos níveis de dívida e isso é algo que não queremos que continue, mas não vemos grandes problemas no futuro em relação à política macroeconômica [brasileira]”, completou.

A fala do economista-chefe ocorre um dia depois de o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sinalizar uma revisão das metas fiscais do governo.

Na véspera, Haddad havia afirmado que o governo tenta fixar uma “meta factível” para as contas públicas em 2025. Agora, o ministério já estuda mudança na meta de 2025 de superávit de 0,5% para 0,25% do PIB (Produto Interno Bruto).

Na divulgação do arcabouço fiscal, a equipe econômica propôs um ajuste gradual nas contas públicas: déficit de 0,5% em 2023, zero em 2024, superávit de 0,5% em 2025 e de 1% em 2026.

“Nós estamos esgotando o tempo para fazer as contas necessárias para fixar uma meta factível à luz do que aconteceu de um ano para cá”, declarou Haddad.

Banco Mundial reduz expansão do PIB da América Latina para 1,6% em 2024

Na contramão da projeção para o Brasil, o Banco Mundial cortou a previsão de crescimento econômico para a América Latina e o Caribe em 2024 para 1,6%, em comparação com a estimativa anterior de 2,3%, afirmando que a região continua a ficar atrás das taxas de crescimento registradas em outras partes do mundo.

Segundo a instituição, o crescimento econômico da região poderia receber um impulso necessário com o aumento da concorrência, mas a diversificação de empresas enfrenta restrições, inclusive na educação e na infraestrutura.

O relatório ainda ressalta a importância do chamado “nearshoring”, o movimento de aproximar as cadeias de suprimentos de seus destinos, para o resultado econômico da região em meio às tensões globais, citando uma redução considerável de IED (investimento estrangeiro direto) na América Latina e o Caribe desde 2010.

Em 2022, a região foi a única do mundo a aumentar seu IED, segundo o relatório. “Embora tenha beneficiado a maioria dos países da região, esse aumento foi mais notável no Brasil, que consolidou sua posição de maior destino de IED, com um aumento de quase 70% em 2022”, pontuou o documento.

Por outro lado, o banco reforçou que países da América Latina e Caribe estão, em sua maioria, ganhando a batalha contra a inflação, embora continuem com crescimento baixo.

Pontuou ainda que Brasil e outros países já começaram a reduzir juros, mas as taxas continuam elevadas e alguns problemas externos continuarão existindo, tais como um cenário de crédito ainda complexo nos EUA e um crescimento ainda baixo e incerto na China, por exemplo.

Ainda, ressaltou que os indicadores sociais da região começam a voltar para níveis pré-pandemia, “menos para trabalhadores menos qualificados ou mais idosos”. Os níveis de pobreza se aproximam daqueles observados em 2019 e a desigualdade está melhorando, mas a recuperação para os trabalhadores acontece ainda muito lentamente.

Da Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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