Os setores público e privado poderão contar, nos próximos 10 anos, com US$ 400 bilhões em empréstimos de bancos multilaterais. O anúncio foi feito no último sábado (20) por um grupo formado por líderes de dez Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs, na sigla em inglês), incluindo o BID (Banco Inter-Americano de Desenvolvimento), chefiado pelo brasileiro Ilan Goldfajn, o NDB (New Development Bank, conhecido como Banco dos Brics), comandado pela ex-presidente Dilma Rousseff, o Banco Mundial, entre outros.
As instituições vão ampliar de US$ 300 bilhões para US$ 400 bilhões sua carteira de empréstimos voltada às ações para enfrentar os desafios urgentes de desenvolvimento.
Os líderes divulgaram uma nota conjunta na qual delinearam os principais resultados para uma ação conjunta e coordenada.
O documento foi declarado ao fim de um retiro realizado na sede do BID, em Washington (EUA), ocasião em que também ocorreram as reuniões de primavera do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional), na última semana.
O fortalecimento da musculatura dos bancos multilaterais é uma das propostas da presidência brasileira do G20. As instituições são vistas como uma forma de canalizar recursos de países ricos, que bancam a maior parte das contribuições, a nações pobres, atrelados a objetivos socioambientais.
Na semana passada, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu, em discurso na abertura da segunda reunião da Trilha das Finanças do G20, aumentar o peso de países emergentes e capitalizar os bancos multilaterais, para financiar respostas à crise climática e ao aumento da fome.
Na presidência do G20 (fórum internacional que reúne as 19 economias mais ricas, mais União Africana e União Europeia) até novembro deste ano, o Brasil elegeu o combate à fome e a reforma dos organismos internacionais entre as suas bandeiras à frente da coalizão.
Líderes de bancos multilaterais elegem cinco áreas críticas de atuação
Na nota divulgada pelas lideranças dos bancos multilaterais, foram escolhidas cinco áreas críticas para atuação. O documento também servirá como uma contribuição valiosa para o próximo Roteiro do G20 para transformar os MDBs em um sistema “melhor, maior e mais eficaz”, além de outros fóruns.
As ações listadas são as seguintes:
- Aumentar a capacidade de financiamento dos MDBs durante a próxima década, com o apoio de acionistas e parceiros;
- Impulsionar a ação conjunta para as mudanças climáticas. Os MDBs Os BMD estão aumentando o seu envolvimento comum no tema climático;
- Reforçar a colaboração e o cofinanciamento em nível nacional;
- Catalizar a mobilização do setor privado, aumentando, por exemplo, empréstimos em moeda local e as soluções de cobertura cambial para impulsionar o investimento privado;
- Melhorar a eficácia e o impacto do desenvolvimento.
Em relação ao aumento da capitalização dessas instituições por parte de países desenvolvidos, a proposta é vista com bons olhos pelas economias desenvolvidas, sobretudo os EUA, para quem esses bancos são uma forma de competir com o que chamam de “financiamento coercitivo chinês” – a potência asiática tem usado seu poder econômico para ampliar a influência na África e na América Latina, principalmente.
O foco nas ações voltadas às mudanças climáticas estão em linha com a agenda brasileira no G20. O documento divulgado no sábado traz avanços na proposta de harmonizar a abordagem dos bancos para medir os impactos dos projetos que financiam em termos de adaptação e mitigação.
Além do BID, do Novo Banco dos Brics e do Banco Mundial, estão no grupo o Banco de Desenvolvimento Africano, o Banco de Desenvolvimento Asiático, o Banco de Investimento em Infraestrutura Asiático, o Banco de Desenvolvimento do Conselho da Europa, o Banco Europeu para Reconstrução e Desenvolvimento, o Banco Europeu de Investimento e o Banco de Desenvolvimento Islâmico.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e da Folha de S.Paulo