Em reunião do G20, Haddad defende capitalizar bancos multilaterais para financiar respostas à crise climática e à fome

Em semana tensa com o Congresso, o ministro da Fazenda antecipou desta sexta-feira (19) para ontem seu retorno ao Brasil. Pasta disse que antecipação tem como motivo "a agenda econômica em Brasília e negociações com o Congresso".
19 de abril de 2024

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu ontem (18), em discurso na abertura da segunda reunião da Trilha das Finanças do G20, nos Estados Unidos, aumentar o peso de países emergentes e capitalizar os bancos multilaterais, como o Banco Mundial e o BID (Banco Inter-Americano de Desenvolvimento), para financiar respostas à crise climática e ao aumento da fome.

A reforma da governança das instituições financeiras internacionais foi o tema do encontro, que aconteceu em Washington (EUA) no FMI (Fundo Monetário Internacional). O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, também participou do encontro.

Na presidência do G20 (fórum internacional que reúne as 19 economias mais ricas, mais União Africana e União Europeia) até novembro deste ano, o Brasil elegeu o combate à fome e a reforma dos organismos internacionais entre as suas bandeiras à frente da coalizão.

O Brasil defende que os bancos multilaterais auxiliem países pobres e em desenvolvimento a bancarem projetos em transição energética e aplacarem o aumento da fome observado depois da pandemia de Covid-19.

Em seu discurso, Haddad defendeu a necessidade de ampliar a representatividade de países em desenvolvimento, facilitar o acesso a financiamento e elevar a capitalização desses bancos.

“No centro desses esforços está a necessidade de garantir que o apoio dos bancos multilaterais de desenvolvimento seja orientado pelas prioridades nacionais de desenvolvimento, proporcionando benefícios tangíveis aos países beneficiários”, disse Haddad.

Nações emergentes criticam o fato de não conseguirem usar os recursos como desejam porque o dinheiro vem carimbado para usos específicos.

O ministro afirmou que o Brasil está trabalhando na formulação de um roteiro para tornar os bancos “melhores, maiores e mais eficazes”. O documento será submetido para aprovação do G20 na quarta reunião do grupo, em outubro.

Haddad também afirmou que pretende levar as propostas a outros órgãos multilaterais.

Em encontro na última quarta-feira (17), Haddad comentou que o G20 pode chegar a um acordo sobre a taxação de super-ricos até novembro. Ele disse que o governo do presidente Joe Biden apoia a medida, proposta pelo Brasil.

Em semana turbulenta com o Congresso, Haddad decide antecipar volta ao Brasil

O ministro da Fazenda decidiu antecipar ontem o retorno ao Brasil. Haddad retornaria na noite desta sexta (19), mas o embarque foi adiantado para a noite de quinta.

O Ministério da Fazenda, no entanto, não divulgou se houve compromissos cancelados nos Estados Unidos em razão do novo horário.

No comunicado, a pasta disse que a antecipação tem como motivo “a agenda econômica em Brasília e negociações com o Congresso envolvendo os projetos de interesse do governo”.

A resposta não cita quais reuniões Haddad terá no retorno ao Brasil. Questionado, o Ministério da Fazenda disse apenas que a agenda está “cheia”.

Haddad viajou para Washington na última segunda (15), onde participou de eventos do G20 e do FMI, entre outras agendas.

A semana foi agitada em Brasília. Na segunda-feira passada, a equipe econômica anunciou a redução da meta de superávit fiscal para os próximos anos, o que vem gerando incertezas no mercado, motivadas também pela escalada do conflito no Oriente Médio e às incertezas em relação à trajetória dos juros nos Estados Unidos.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e g1

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