Bandeira vermelha deve seguir até dezembro, pressionando a conta de luz

Analistas avaliam que o volume de chuvas previsto para os próximos meses não será suficiente para elevar a vazão dos reservatórios até dezembro. Em setembro, a conta de luz subiu 5,3%, respondendo por quase metade da inflação.
10 de outubro de 2024

A conta de luz só deve baixar a partir de janeiro de 2025, na avaliação de analistas. A bandeira vermelha patamar 2, que entrou em vigor em outubro, pode permanecer até dezembro deste ano, devido à estiagem que encarece o preço da energia.

Lembrando que, em setembro, a conta de luz subiu 5,3%, respondendo por quase metade da inflação. Neste mês, quando foi adotado o patamar 2, a expectativa é de nova alta, fazendo com que a fatura fique sob pressão até o fim do ano.

A estiagem dos últimos meses baixou os níveis dos reservatórios das hidrelétricas. Aqueles localizados na região Sudeste/Centro-Oeste estão em torno de 44%. Como grande parte da matriz energética brasileira vem das hidrelétricas, com o nível dos reservatórios mais baixos o sistema é obrigado a acionar as usinas térmicas, com custo mais alto.

Ao jornal O Globo, Mayra Guimarães, diretora de Regulação e Mercado da consultoria Thymos, explicou que a manutenção da bandeira vermelha patamar 2 até dezembro é esperada porque as chuvas previstas para o próximo período úmido (que começa neste mês e vai até março) se mantenham dentro da média histórica dos últimos 30 anos.

Porém, o nível dos reservatórios do Sudeste/Centro-Oeste em outubro está menor do que os 73% registrados no mesmo período do ano passado, embora seja maior do que os 24% registrados em 2021, ano da última crise do setor.

Além disso, os rios da região Norte atingiram o pior nível dos últimos 100 anos. “Não é um cenário de racionamento, mas de atenção e preços elevados. O ONS [Operador Nacional do Sistema Elétrico] acionou as térmicas para poupar os reservatórios para a chegada do período úmido, que vai até março. No último período seco, o volume de chuvas foi muito fraco. Para a temporada de chuvas, a previsão é positiva, mas podemos ver uma demora no início das chuvas, talvez mais para o fim do mês”, disse.

Conta de luz: parâmetro usado para balizar o mercado de energia está no teto

Mayra explicou que o acionamento das usinas térmicas impacta diretamente o Preço de Liquidação das Diferenças (PLD), calculado diariamente pela Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), e que baliza o preço da energia no mercado à vista (spot).

O PLD, segundo ela, está hoje no teto, principalmente no horário entre 16h e 22h, para atender ao maior consumo.

Mesmo com a previsão de mais chuvas nos próximos meses, a vazão do sistema não ocorre de forma rápida. Por isso a bandeira vermelha patamar 2 deve ficar mais tempo em vigor.

Além das mudanças climáticas, o fenômeno climático El Niño elevou o volume de chuvas no Sul e as temperatura no Norte. Agora, o fenômeno La Niña, que está gerando menos alterações que o previsto, não deve travar a frente fria do Sul para o Norte. No entanto, os meses serão mais quentes.

Horário de verão

O governo ainda não decidiu se vai adotar mesmo o horário de verão, quando os relógios são adiantados em uma hora.

Em setembro, estudo do ONS apresentado ao governo federal apontava economia de R$ 1,8 bilhão caso o horário de verão seja implementado neste ano.

A economia, segundo o ONS, viria do fato de que, com o horário de verão, o governo precisaria acionar menos usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes, em horários de grande consumo de energia.

Porém, o órgão ressaltou que o horário de verão não vai gerar economia de energia. O que vai acontecer, se ele for aplicado, é que, ao postergar em uma hora o início da noite, usinas eólicas e solares vão ajudar no momento de grande consumo, que é a volta para casa entre o fim do dia e início da noite.

Redação ICL Economia
Com informações de O Globo

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