O Banco Central elevou o crescimento da inflação oficial de 4,6% para 5% em 2023. Caso o prognóstico seja confirmado, será a terceira vez seguida que o Brasil estoura a meta de inflação, que para o ano que vem está fixada em 3,25%. A meta será formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%. Os dados constam do relatório de inflação do quarto trimestre, divulgado pela autoridade monetária nesta manhã (15).
O relatório do BC é uma espécie de dignóstico das consequências do represamento dos efeitos das políticas adotadas pelo governo de Jair Bolsonaro (PL), que abriu a torneira dos gastos às vésperas das eleições presidenciais, que já estão gerando impactos no presente e devem gerar ainda mais no futuro.
A projeção do Banco Central está um pouco abaixo do que prospectou o mercado financeiro no último Boletim Focus. Os agentes preveem que a inflação para o ano que vem ficará em 5,08%, portanto, também acima da meta de inflação.
No Brasil, a inflação considerada oficial é a medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Em setembro passado, o BC havia informado que a probabilidade de estouro da meta de inflação no ano que vem era de 46%. Agora, no relatório de inflação de dezembro, a chance passou para cerca de 57%.
Para este ano, o BC informou que elevou sua projeção de inflação de 5,8% para 6%. A meta de inflação de 2022, definida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional), é de 3,5% e será cumprida se oscilar entre 2% e 5%.
De acordo com o relatório, as pressões inflacionárias foram geradas pela pandemia e a interrupção temporária na oferta de alguns produtos; o pagamento de recursos extraordinários à população (auxílios temporários); e a guerra na Ucrânia, que gerou alta de combustíveis.
Para 2023, a inflação pode ser impactada pelo possível retorno de tributos federais sobre combustíveis, além de elevação dos gastos orçamentários com a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição, que permite um gasto extrateto no valor de R$ 168 bilhões por dois anos.
Além dos crescimento da inflação, BC eleva estimativa do rombo das contas externas neste e no próximo ano
O relatório divulgado pelo Banco Central hoje também é pessimista em relação às contas externas. Para este ano, a autoridade monetária elevou de US$ 47 bilhões para US$ 60 bilhões sua projeção de déficit, e, em 2023, de US$ 36 bilhões para US$ 49 bilhões.
“O aumento da projeção de déficit de 2022, para US$ 60 bilhões (3,2% do PIB – Produto Interno Bruto), tem como principal fator o aumento na projeção dos gastos com serviços (gastos com viagens de brasileiros no exterior e transportes, entre outros)”, diz o comunicado.
Já para a balança comercial brasileira, a projeção de superávit (exportações menos importações) recuou de US$ 42 bilhões para US$ 41 bilhões este ano, e de US$ 54 bilhões para US$ 46 bilhões em 2023.
Por outro lado, os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira subiram de US$ 70 bilhões para US$ 80 bilhões. E, para o ano que vem, foi mantida em US$ 75 bilhões.
No documento, o BC também elevou de 14,2% para 15,1% a estimativa para o crescimento do crédito bancário neste ano. “Em termos de composição, a revisão incorpora expectativa de crescimento maior no crédito direcionado [rural, habitacional e BNDES], especialmente no ano corrente, e variação nominal menor no crédito livre, em linha com impactos esperados do aperto monetário [alta dos juros]”, informou.
Apesar do aumento, a instituição ainda prevê desaceleração na comparação com o ano passado, quando foi registrada uma expansão de 16,3%.
Para 2023, a autoridade monetária prevê desaceleração em relação a este ano, mas, ainda assim, elevou de 8,2% para 8,3% sua projeção para o aumento do crédito bancário.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias