Resultado do PIB do terceiro trimestre é um indicativo da ineficácia das medidas eleitoreiras do governo Bolsonaro

Na avaliação de especialistas, crescimento dos primeiros meses do ano foi forçado pelas medidas eleitoreiras de Bolsonaro e que o resultado do trimestre mostra que a economia brasileira perdeu o ritmo de expansão
1 de dezembro de 2022

Não, a economia brasileira nunca esteve e não está bombando como quiseram fazer crer o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ministro da Economia, Paulo Guedes. A prova é o resultado do PIB do terceiro trimestre, que cresceu apenas 0,4%, quando o mercado esperava um crescimento de ao menos 0,7%. Isso comprova que tudo o que foi feito até aqui pelo atual mandatário e sua equipe econômica não passou de um conjunto de medidas eleitoreiras, com efeito apenas no curto prazo, e que não trazem nenhuma sustentabilidade ao crescimento econômico brasileiro.

Os dados divulgados sobre o PIB, nesta quinta-feira (1º), pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), mostram que, depois de 12 meses de aceleração, a economia brasileira voltou a perder força neste terceiro trimestre, voltando ao que na economia se chama de “voo de galinha”, uma analogia aos saltos curtos e desordenados dessa ave. O voo desengonçado do PIB é resultado das estratégias econômicas ineficazes tomadas até aqui.

Olhando em retrospecto, os dados da economia brasileira referente ao PIB só foram melhores nos trimestres anteriores devido aos pacotes eleitoreiros de Bolsonaro, como a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que desonerou os combustíveis para forçar a queda da inflação e os preços na bomba.

Além disso, para estimular a economia o governo liberou saques do FGTS e antecipação do 13º salário dos beneficiários do INSS. Porém, todas essas medidas têm efeito de curto prazo e, mesmo o Auxílio Brasil de R$ 600, não são iniciativas suficientes para manter um voo sustentado, afinal, os beneficiários do programa usam o dinheiro para comprar comida, basicamente, e, quando sobra um pouquinho, para pagar dívidas.

“Por mais que os programas do governo tenham contribuído para a ‘distribuição’ de renda, muito dessa renda foi usado para necessidades básicas como alimentos, bebidas, saúde e cuidados pessoais, como mostram os dados do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de outubro e novembro”, disse Idean Alves, da Ação Brasil Investimentos, ao portal de notícias G1.

PIB do terceiro trimestre é o ponto de inflexão de um ciclo e um indicativo do que está por vir na economia brasileira

Também ao portal G1, Wellington Nóbrega, analista da 4Intelligence, disse que o quarto trimestre deve ser ainda pior, “em função dos efeitos defasados da política monetária que devem impactar a indústria e, em consequência, a atividade econômica”.

A propósito, a política monetária é uma das principais responsáveis pelo desânimo que se abateu sobre o crescimento do PIB, pois, para tentar conter o avanço da inflação, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros (Selic) de 2% em janeiro do ano passado até chegar aos atuais 13,75% em agosto.

Juros mais altos encarecem tudo, como consumo, empréstimos, investimentos, funcionando como um obstáculo para fazer a economia girar. “Alguns segmentos, cujos bens dependem mais das condições de crédito e das taxas de juros, vêm esfriando e arrefecendo de uma forma mais contundente”, disse ao G1 Rodolfo Margato, da XP Investimentos.

Esse conjunto mostra que o governo eleito terá um desafio e tanto pela frente. Afinal, a expectativa do mercado é de que a Selic só volte a cair no ano que vem, a inflação voltou a acelerar depois da desaceleração forçada pelas medidas de Bolsonaro e o cenário externo não está dos melhores. Fora a precarização do mercado de trabalho e da renda e o endividamento alto das famílias brasileiras.

Em suma, será preciso grande esforço do novo governo para tentar arrumar a casa.

Redação ICL Economia
Com informações do portal G1

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