Pela 4ª vez seguida, mercado financeiro eleva projeção de inflação deste ano. Boletim Focus aponta revisão para 5,88%

Para 2023, a previsão do mercado financeiro para a inflação também subiu, de 4,94% para 5,01%, enquanto o crescimento da economia permaneceu estável
21 de novembro de 2022

O mercado financeiro elevou as projeções de crescimento da inflação brasileira para este ano pela quarta vez consecutiva. Desta vez, a estimativa passou de 5,82% para 5,88%, segundo dados do Boletim Focus, do Banco Central, divulgado nesta manhã de segunda-feira (21). Para 2023, a previsão do mercado financeiro também subiu, de 4,94% para 5,01%.

Os números do Boletim Focus comprovam que, como vêm alertando os economistas do ICL, os agentes econômicos consultados para o relatório também têm a percepção de que as medidas adotadas pela equipe econômica do governo Bolsonaro eram meramente eleitoreiras e de curto prazo. Ao todo, foram ouvidas mais de 100 instituições financeiras na semana passada sobre as projeções para a economia. No relatório do boletim focus anterior, o mercado já havia elevado a expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) deste ano de 5,63% para 5,82%.

Para este ano, a meta de inflação determinada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) é de 3,5% e será considerada cumprida se oscilar entre 2% e 5%. Mas o Banco Central já prevê chance grande de estouro da meta em 2022, assim como aconteceu no ano passado.

Já no ano que vem, a meta central de inflação foi fixada em 3,25% e será considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.

Isso significa que o caminho para baixar a taxa básica de juros pode ser mais lento. No Boletim Focus, o mercado financeiro projeto que a Selic, atualmente em 13,75% ao ano, sendo uma das mais altas do mundo, se manterá neste patamar até o fim de 2022.

Em 2023, o Boletim Focus também reviu para cima a expectativa sobre a taxa básica de juros. A expectativa avançou de 11,25% para 11,50% ao ano. Com isso, o mercado financeiro segue estimando queda dos juros no ano que vem, mas em menor intensidade.

A equação inflação alta e taxa de juros idem pesa, principalmente, no bolso do consumidor mais pobre, que não tem visto aumento real no salário. Ou seja, o poder de compra deve ficar cada vez mais minguado, a menos que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) consiga cumprir sua promessa de campanha de retomar a política dos governos petistas de conceder reajuste acima da inflação ao mínimo.

Segundo Boletim Focus, mercado prevê PIB um pouco maior em 2022 e estável em 2023

A economia deve crescer um pouco mais que o previsto anteriormente, de acordo com o Boletim Focus. O mercado financeiro elevou de 2,77% para 2,80% a projeção de crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) este ano. Já para o ano que vem, a previsão se manteve em 0,70%.

No Orçamento de 2023, o governo estima crescimento de 2,5% do PIB, ou seja, um otimismo um tanto exagerado e descolado da realidade, até porque a economia as principais economias do mundo enfrentam um cenário desalentador, com aumento de casos de Covid-19 na China e o conflito da Rússia contra a Ucrânia, que vem pressionando os preços de energia e não há mero sinal no horizonte de que acabe tão cedo.

A respeito do dólar, o mercado financeiro também elevou as projeções para a taxa de câmbio, de R$ 5,20 para R$ 5,25 em 2022, e de R$ 5,20 para R$ 5,24 em 2023. De acordo com a economista do ICL Deborah Magagna, essa é a primeira projeção do mercado no ano para o dólar que rompe a estabilidade. Para Magagna isso é fruto da pressão do mercado em relação ao tal “risco fiscal”.

Para o saldo da balança comercial (exportações menos as importações), a projeção permaneceu em US$ 55 bilhões de resultado positivo em 2022. Para o ano que vem, a estimativa dos especialistas do mercado continuou em US$ 56 bilhões de superávit.

Por fim, o relatório prevê que a entrada de investimentos estrangeiros diretos no Brasil neste ano deve ficar nos US$ 80 bilhões previstos anteriormente. Para 2023, a estimativa continuou em US$ 75 bilhões.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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