Boletim Focus: mercado eleva projeção de inflação, PIB e câmbio, mas mantém a Selic em 10,50%

No relatório divulgado na manhã desta segunda-feira (24) pelo BC, os agentes elevaram a inflação medida pelo IPCA de 3,96% para 3,98% este ano, e de 3,80% para 3,85% para 2025. No caso deste ano, foi a sétima alta seguida projetada pelos analistas.
24 de junho de 2024

Os analistas do mercado financeiro consultados para o Boletim Focus do Banco Central elevaram a projeção de inflação para este e para o próximo ano, além do PIB (Produto Interno Bruto) e da taxa de câmbio. Os agentes só não mudaram a aposta para a taxa básica de juros, a Selic, que, na opinião deles, não deve ter mais nenhum corte nem alta este ano.

No relatório divulgado na manhã desta segunda-feira (24) pelo BC, os agentes elevaram a inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 3,96% para 3,98% este ano, e de 3,80% para 3,85% para 2025. No caso deste ano, foi a sétima alta seguida projetada pelos analistas.

Ainda assim, os indicadores projetados ficam abaixo do teto da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O centro da meta, tanto para este como no próximo ano, foi fixada em 3%, e será considerada cumprida se oscilar em 1,5 ponto percentual para mais (4,5%) ou para menos (1,5%).

As projeções mais negativas do mercado financeiro foram inflamadas por discursos pessimistas do presidente do BC, Roberto Campos Neto, sobre o risco fiscal da economia brasileira, durante participações em eventos no Brasil e no exterior. Ou seja, o discurso que joga contra o Brasil de Campos Neto serviu para embalar as análises do mercado financeiro sobre a economia.

Por isso, o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) ingressou com uma representação para “identificar eventuais desvios de finalidade pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central na definição da taxa Selic”.

Segundo o subprocurador-geral Lucas Furtado, a apuração se daria por suposta “grande influência das projeções constantes do chamado ‘Boletim Focus’, elaborado a partir de pesquisas macroeconômicas realizadas por diversas instituições, tais como bancos, consultorias, corretoras”.

Além disso, o subprocurador-geral ingressou com representação em meados deste mês para investigar o relacionamento político do presidente do Banco Central com o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

No dia 10 de junho, o governador paulista ofereceu jantar ao presidente do BC. Além disso, a imprensa tem noticiado que Campos Neto pode participar da equipe de Tarcísio, se ele realmente concorrer a presidente.

Em relação ao PIB, a previsão mediana dos economistas para o crescimento da economia brasileira em 2024 subiu, em movimento inverso ao da semana passada. A projeção do PIB saiu de 2,08% para 2,09%

Para 2025, as expectativas foram mantidas na casa de 2%, mesmo movimento das últimas semanas.

Boletim Focus: mercado aposta que Selic vai ficar no atual patamar no fim deste ano

Para a taxa básica de juros, a Selic, a mediana das expectativas ficou no mesmo patamar após subir na semana passada. Ou seja, o mercado aposta que a Selic ficará no patamar atual, de 10,50%.

Na semana passada, o Copom, em decisão unânime, decidiu interromper o ciclo de baixa da Selic iniciado em agosto de 2023, quando a taxa básica de juros estava em 13,75% ao ano.

Amanhã (25), será divulgada a ata da última reunião, a qual dará indicações sobre os próximos passos da política monetária.

O governo federal tem sido pressionado pelo mercado financeiro, devido à mudança prevista na presidência do BC no fim deste ano. Campos Neto deixa o cargo no fim do ano e tudo leva a crer que Gabriel Galípolo, diretor de Política Monetária do BC e ex-número 2 da Fazenda, é o mais cotado a assumir a vaga.

O mercado também manteve nos mesmos 9,50% a taxa Selic de 2025.

Em relação ao dólar, os analistas elevaram a expectativa para a divisa ao fim de 2024 de R$ 5,13 para R$ 5,15. Para 2025, saiu de R$ 5,10 para R$ 5,15, em movimento parecido ao da semana passada.

O superávit da balança comercial deste ano (diferença entre exportações e importações) caiu de US$ 82 bilhões para US$ 81,78 bilhões este ano, e de US$ 76,30 bilhões para US$ 76,01 bilhões em 2025.

Já o ingresso de investimento estrangeiro direto foi mantido em US$ 70 bilhões este ano, e em US$ 73 bilhões no ano que vem.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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