Derrotado nas eleições de 2022, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem usado o seu perfil na rede social X (antigo Twitter), cujo dono é o bilionário porta-voz da extrema direita, Elon Musk, para atacar a proposta de regulamentação da reforma tributária do consumo.
Levantamento realizado pela consultoria Bites e publicado no jornal O Globo mostra que, entre 26 de abril e 1º de maio, Bolsonaro dedicou dez de suas postagens nas redes sociais para criticar o texto entregue ao Congresso Nacional e, obviamente, traz desinformação sobre o tema, uma tática muito usada pela extrema direita.
O relatório mostra ainda que o alcance das postagens atingiram, em média, 558 mil pessoas — liderando o ranking de relevância digital sobre a reforma.
Ao mesmo tempo, o levantamento mostra que quatro postagens sobre o tema feitas pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na mesma rede, entre janeiro e abril deste ano, alcançaram, em média, 52,20 mil pessoas. A de maior projeção foi visualizada por 87 mil pessoas e é um registro fotográfico do dia em que o texto da regulamentação foi entregue ao Congresso.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva citou a reforma em três ocasiões distintas neste ano, com um alcance médio de 145 mil pessoas, número que representa 26% do público de Bolsonaro.
No dia 5 de fevereiro, por exemplo, o perfil do presidente nas redes publicou que a reforma vai representar mais garantia para investidores, aumento da capacidade exportadora e “corrigirá uma injustiça histórica, pois o povo pobre, pela primeira vez, pagará proporcionalmente menos impostos do que os detentores de grandes fortunas”, afirmou em cinco de fevereiro.
Um aspecto importante é que Bolsonaro tem uma vantagem numérica: seu perfil tem 12,5 milhões de seguidores na rede X, 3,7 milhões a mais do que o de Lula.
Bolsonaro e a tática de disseminar mentiras sobre a reforma
Os ataques de Bolsonaro dizem basicamente que a reforma vai aumentar os impostos. A desinformação é um dos elementos principais usados pela extrema direita em suas postagens.
Outra estratégia mentirosa usada por Bolsonaro é a de associar a reforma exclusivamente ao governo, não mencionando que o texto foi aprovado em dois turnos na Câmara dos Deputados e no Senado, após mais de quatro décadas de discussão sobre o tema no Legislativo.
Em uma das postagens, realizada em 1º de maio, o ex-mandatário escreveu: “Da Reforma Tributária em seu estágio atual temos apenas a certeza de seu imenso custo fiscal”.
Na postagem, o ex-presidente escreveu que o projeto enviado ao Congresso é longo e dúbio, dando a entender que as mudanças propostas no sistema ainda não estariam claras.
Sem apresentar nenhum cálculo, Bolsonaro disse ainda que a alíquota final, que define quanto o contribuinte deve destinar a impostos, será alta.
No projeto que será analisado pelo Congresso, a alíquota média dos tributos sobre o consumo ficou estimada em 26,5%, mas vai depender das negociações da regulamentação.
A reforma busca unir os impostos federais, estaduais e municipais sobre bens e serviços. O texto da Emenda Constitucional 132, que instituiu a reforma tributária do consumo, prevê impacto neutro da mudança no sistema de cobranças de impostos.
Está previsto na Constituição que não haverá aumento da carga tributária em relação ao patamar atual ao fim do período de transição da reforma – o que significa dizer que os brasileiros não pagarão mais impostos.
Redação ICL Economia
Com informações de O Globo