Para os integrantes do núcleo duro da campanha eleitoral do presidente Jair Bolsonaro (PL), o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem se comportado “como cabo eleitoral do PT” ao divulgar para imprensa, 10 dias antes da eleição, os planos de desindexar o salário mínimo e aposentadoria (reportagem da Folha de S Paulo) e também retirar do Imposto de Renda a dedução de gastos com saúde e educação (reportagem de O Estado de S Paulo). Por conta disso, a estratégia inicial da equipe de Bolsonaro foi a de negar, apesar de as propostas terem sido discutidas na pasta e de haver documentos de comprovação. Depois, Bolsonaro culpou a imprensa por trazer “intranquilidade” para a sociedade. Por fim, iniciou ataques ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) usando o Pix e a CPMF. A verdade é que, logo no início do governo Bolsonaro, Paulo Guedes abandonou a política de ganho real do salário.
O PT tem adotado a estratégia de explorar, ao máximo, os planos do ministro Paulo Guedes que foram divulgados na última semana. Já os integrantes da campanha do Bolsonaro buscam contra-atacar as críticas, mas argumentam que há pouco tempo para rebatê-las.
Na campanha do PT, o objetivo é de continuar trazendo a público o assunto da desindexação do salário e do fim das deduções no Imposto de Renda. O ex-presidente Lula já havia prometido dar aumento ao salário mínimo acima da inflação e isentar o Imposto de Renda de quem ganha até R$ 5.000. Essas propostas passaram a ser exploradas exaustivamente na propaganda na TV e em materiais de campanha para fazer contrapontos aos projetos de Guedes.
No mesmo dia, o Ministério da Economia, com Paulo Guedes no comando, divulgou uma nota para negar as propostas do Imposto de Renda e do salário mínimo, e disse não reconhecer “fluxos clandestinos de informação”. Depois, culpou a imprensa pela divulgação, afirmando que isso “traz confusão e intranquilidade à sociedade brasileira de maneira indevida.”
Na tentativa de responder a exploração que a campanha petista tem feito aos planos de economia do governo, o presidente Bolsonaro tem atacado o ex-presidente Lula usando o Pix e a CPMF.
O assessor especial do presidente e candidato derrotado a deputado nas eleições, Tenente Mosart, publicou um vídeo de Bolsonaro, na quarta (26), em que ele sugere que Lula quer taxar o Pix.
“Lula quer recriar CPMF? Taxar o Pix, criação nossa que atendeu a mais de 100 milhões de brasileiros, em especial os mais pobres? Lula, recriar CPMF, não. Taxar o Pix, muito menos”, diz Bolsonaro.
Essas propostas não fazem parte do plano de governo de Lula.
Na verdade, quem quer a volta da CPMF é Paulo Guedes
Paulo Guedes também já defendeu a volta do imposto sobre transações financeiras no passado, em mais de um momento, mas a iniciativa não prosperou no Planalto.
A avaliação de aliados de Bolsonaro é que as pautas econômicas prejudicam muito mais do que qualquer outro ataque na campanha até aqui. Mesmo o episódio envolvendo o agora ex-aliado Roberto Jefferson, detido e acusado de tentativa de homicídio após resistir à prisão e atirar granada contra agentes da Polícia Federal (PF).
O caso, segundo aliados de Bolsonaro, pode arranhar e respingar na campanha, mas a ação do presidente de condenar o ato de Jefferson teria sido efusiva e rápida o suficiente para trazer distanciamento ao preso.
O episódio tornou-se um ponto de desgaste contra a campanha do presidente, sendo explorado por seus rivais. Opositores têm associado o caso a uma onda de violência política que, dizem, é estimulada pelo presidente.
Desde domingo, Bolsonaro e aliados têm buscado tentar se distanciar do ex-deputado -defensor de primeira hora do bolsonarismo. O chefe do Executivo disse que eles não têm uma foto juntos, o que não é verdade, e chamou-o de bandido.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias