Política monetária do governo Bolsonaro transferiu R$ 200 bi para os mais ricos por meio do pagamento de juros, diz economista

"É o maior programa de transferência de renda da história, de toda sociedade, para o 1% mais rico do País”, diz o economista e professor da UnB José Luís Oreiro
29 de setembro de 2022

Os aumentos decorrentes da elevação da taxa de juros básica (Selic) por meio da política monetária do governo Jair Bolsonaro, que saltou de 2% em março de 2021 para 13,75% em setembro deste ano, resultaram no pagamento de juros da dívida que somam R$ 200 bilhões. “É o maior programa de transferência de renda da história, de toda sociedade, para o 1% mais rico do País”, disse o economista e professor da Universidade de Brasília (UnB) José Luís Oreiro ao jornal Hora do Povo.

Segundo a reportagem, “a transferência de renda da sociedade para o setor financeiro, por meio dos juros da dívida pública, atingiu a soma de R$ 586,4 bilhões no acumulado de doze meses até julho. A cifra bilionária gasta pelo governo Bolsonaro com juros representa 6,31% do Produto Interno Bruto (PIB), segundo informações do BC. No mesmo intervalo de tempo do ano passado, a soma foi de R$ 323,5 bilhões (3,94% do PIB)”.

Governo Bolsonaro: 33 milhões de pessoas passam fome

“Nós temos 33 milhões de brasileiros passando fome, e são quase R$ 600 bilhões transferidos para os mais ricos”, ressaltou Oreiro. Ainda segundo ele, o aumento da taxa de juros não conteve a alta inflacionária. “Qual foi o efeito que teve sobre a inflação este aumento da taxa de juros? Nenhum. A inflação só cedeu um pouco nos últimos dois meses porque o governo reduziu o ICMS sobre os combustíveis e sobre eletricidade e isto deu deflação em dois meses. É por isto que a inflação este ano vai fechar menor que a previsão, não foi por causa da elevação dos juros”, explicou.

Ainda segundo ele, “é uma mentira dizer que há transferência no Brasil dos ricos para os pobres. O que tem é uma transferência de renda de toda a sociedade para os mais ricos. Eu repito, esse aumento em um ano de R$ 200 bilhões é três vezes o Auxílio Brasil. É transferir de toda a sociedade para os 1% mais ricos. Lógico que este pessoal está apoiando Bolsonaro, evidente, estão ganhando muito dinheiro”.

Brasil 247

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