O governo brasileiro lançou ontem (18), na Bolsa de Nova York, os chamados “títulos verdes” (greenbonds), papéis da dívida externa brasileira, cujo objetivo é financiar a proteção ao meio ambiente. A previsão do Executivo é captar até US$ 2 bilhões (cerca de R$ 10 bilhões) com a venda desses papéis.
O tema meio ambiente, aliás, tem tido grande destaque na agenda do governo brasileiro. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e parte de seus ministros estão em Nova York para participar, nesta terça-feira (19), da abertura da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). O petista chegou na cidade no sábado passado (16) após passar por Cuba.
Além da assembleia, o governo brasileiro está com uma agenda repleta de encontros bilaterais. Lula deve se encontrar com o presidente Joe Biden para falar sobre sindicatos e o futuro dos direitos trabalhistas.
Ontem, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que está na comitiva, assim como a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, participou de uma reunião bilateral a portas fechadas com o representante especial dos Estados Unidos para o clima, John Kerry.
Depois do encontro, em conversa com jornalistas, Haddad disse que o encontro teve o objetivo de promover “mais parcerias”.
Haddad disse que enfatizou a necessidade de criar oportunidades para as empresas brasileiras estabelecerem parcerias mais abrangentes com os Estados Unidos.
“O que eu conversei com John Kerry foi que nós tínhamos que abrir espaço para que as nossas empresas pudessem fazer mais parcerias, porque nem tudo interessa produzir nos Estados Unidos. Então, o aspecto crucial é que nós possamos explorar mais possibilidades sem as amarras típicas dos acordos bilaterais e multilaterais”, afirmou o ministro da Fazenda.
Após a reunião, Haddad e Kerry participaram de um evento que abordou o desenvolvimento sustentável do Brasil, com foco especial na preservação da Amazônia.
Ao final do evento, Kerry afirmou que as pessoas estão descobrindo agora que há formas inteligentes de ganhar dinheiro com investimentos que ajudam a proteger pessoas e florestas.
Títulos verdes ajudarão o Brasil a adaptar a indústria brasileira ao combate às mudanças climáticas
Com o lançamento inédito dos greenbonds na Bolsa de Nova York, o governo brasileiro pretende usar o valor arrecadado exclusivamente para financiar ações sustentáveis, como adaptar a indústria brasileira a essa nova realidade de combate às mudanças climáticas.
O governo brasileiro promete divulgar dois relatórios anuais para mostrar em quais ações o dinheiro está sendo investido. Os títulos verdes deverão estar disponíveis até outubro.
“Isso é o começo de um processo. Estamos em um período de silêncio agora, portanto o Tesouro é que vai julgar a conveniência do quanto e quando colocar esse títulos no mercado”, afirmou Haddad em conversa com jornalistas.
Os greenbonds integram a agenda do Plano de Transição Ecológica, lançado pelo ministro Fernando Haddad em cerimônia no Rio de Janeiro, no início de agosto. O programa é a aposta da gestão Lula para colocar o país como destaque na agenda ESG (Environmental, Social and Governance, na sigla em inglês). A estratégia é dividida em seis frentes, entre elas finanças, infraestrutura e bioeconomia.
Sobre os papéis, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, já havia declarado: “É provável que tenhamos condição de materializar emissão de títulos neste ano. Caso aconteça algo que demande ser no começo de 2024, isso não seria um problema”, disse Ceron.
Ele complementou ainda que, apesar de as emissões ocorrerem em dólares, a operação não traz risco cambial para o Brasil, como aumento da dívida por causa de uma eventual desvalorização do real.
Haddad e Marina Silva participaram ontem do evento “Brasil em Foco: Mais Verde e Comprometido com o Desenvolvimento Sustentável”, realizado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e CNI (Confederação Nacional da Indústria), na Bolsa de Valores de Nova York.
Em seu perfil oficial na rede social X (antigo Twitter, Marina disse tuitou: “No painel ‘Transformação Ecológica: O Brasil e o Mundo’, com o ministro da Fazenda, @Haddad_Fernando, e o presidente do BID [Banco Interamericano de Desenvolvimento], Ilan Goldfajn, debatemos sobre oportunidades de negócios e de investimentos, os desafios para a transformação ecológica do Brasil e o papel estratégico que o nosso país desempenha no cenário global”.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias, do G1 e da Carta Capital