Empresas brasileiras se preparam para reabertura da economia da China, após 3 anos de isolamento por causa da Covid

Com a reabertura da economia da China, analistas estimam o crescimento do País entre 4,5% e 5,5%
14 de fevereiro de 2023

A reabertura da economia da China, após três anos de isolamento do país por causa da Covid, é vista como uma nova janela de exportação. Está sendo comemorada globalmente, por empresas e governos. Economistas avaliam que uma retomada consistente do crescimento chinês nos próximos anos terá impacto positivo no Produto Interno Bruto (PIB) mundial. E países emergentes como o Brasil, que têm na China seu principal parceiro comercial, devem se beneficiar. Algumas empresas brasileiras já começaram as negociações para vender seus insumos ao mercado chinês, considerado estratégico. Em janeiro, o presidente Lula defendeu que um acordo comercial com a China seja discutido em conjunto pelo Mercosul. 

A reabertura da economia da China acontece junto a enormes desafios, como aumentar salários sem elevação da inflação. E a crise de liquidez no setor imobiliário, com queda nas vendas e prédios inacabados, também preocupa. O governo chinês barateou o financiamento para estimular o setor, mas analistas lembram que, na pandemia, muitos empregadores de pequeno e médio porte faliram, e os padrões de consumo podem ter mudado bastante.

Segundo análise do banco Goldman Sachs, a reabertura da economia da China era esperada para o segundo trimestre. Com a antecipação, revisou sua projeção para o crescimento chinês de 4,5% para 5,5%. O banco estima ainda um aumento de 10% no preço das commodities, especialmente minério de ferro e soja, que pode acrescentar 0,5 ponto percentual no crescimento do PIB brasileiro. Já um aumento de 10% nas exportações (em volume) tem impacto de 0,3 ponto no PIB do país, segundo estudo do banco para América Latina.

Analistas de bancos estrangeiros já preveem alta de até 5% no preço do petróleo. Já a tonelada do minério de ferro pode atingir US$ 130 (em 2022, encerrou a US$ 111), com a demanda mais forte estimulada pela reabertura da economia da China.

Empresas no mundo todo estão mais otimistas com a reabertura da economia da China

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Crédito: Envato

Empresas que já fazem negócios com os chineses estão mais otimistas. Produtoras de frango e suínos, por exemplo, esperam crescimento global de 12% nas exportações de porcos e 3% a 4% nas de aves este ano, segundo estimativas da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). Só no ano passado, foram quase US$ 2,5 bilhões.

O governo Luiz Inácio Lula da Silva prepara uma visita à China para o fim de março, e a ABPA vai pedir a habilitação de novas fábricas para exportação e o reconhecimento de Paraná e Rio Grande do Sul como estados livres da febre aftosa sem vacinação.

A Petrobras também está animada. A reabertura e a recuperação econômica da China trazem impactos muito positivos para o mercado em geral e “também para a companhia, que tem no país asiático um importante mercado consumidor de petróleo”, diz a empresa em nota para a reportagem do jornal O Globo.

No ano passado, a China cresceu 3%, percentual baixo se comparado à expansão de dois dígitos registrada no início dos anos 2000. Entre 1978 e 2018, o Produto Interno Bruto (PIB) chinês passou de US$ 150 bilhões para US$ 12,2 trilhões. Este ano, as estimativas indicam crescimento entre 5% e 5,5%. O governo chinês anunciou recentemente uma série de reformas no sentido de mudar a estratégia de crescimento, com uma substituição gradual do modelo de exportações pelo consumo interno, de olho em uma expansão sustentável a longo prazo.

A força da economia da China, a segunda maior, é um amortecedor para o mundo e um vetor de crescimento para países emergentes. Como os preços das commodities já estão elevados, se puxados por um crescimento sustentável da China, há chance de um novo ciclo de commodities, e o governo Lula se beneficiaria desse movimento já a partir de 2024, segundo alguns analistas consultados.

Quando comparado ao cenário do primeiro governo Lula, hoje, a economia global está desacelerando, e o avanço da inflação é mundial. Os juros internacionais estão mais altos, e o risco de problemas com dívidas é maior. E também sem esquecer que grandes economias tiveram recuperação forte no pós-Covid para em seguida perder força.


Redação ICL Economia
Com informações do jornal O Globo

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