Caged indica queda de 17% nas vagas formais em relação a fevereiro de 2021

Salário médio de admissão (R$ 1.878,66) também foi menor ao registrado em 2021 (R$ 1.926,36)
29 de março de 2022

Os dados do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), divulgado nesta terça-feira (29) pelo Ministério do Trabalho e Previdência, indicam saldo negativo de 17,3% na criação de vagas formais em relação ao registrado em fevereiro do ano passado, mesmo com a abertura 328,5 mil novos postos de trabalho no último mês. Esse número de vagas é resultado de 2.013.143 contratações e 1.684.636 demissões.

Com relação ao salário médio de admissão, o valor também foi menor ao de 2021. O registrado em fevereiro deste ano foi R$ 1.878,66 frente a R$ 1.926,36 em 2021. Isso demonstra a baixa qualidade dos empregos gerados no país e a queda no poder de compra dos trabalhadores.

A criação de empregos com carteira assinada no Brasil no primeiro bimestre do ano (478.862 novas vagas) também apresentou queda de 26,5% em relação ao mesmo período de 2021. O comércio fechou 50.267 vagas entre janeiro e fevereiro. Já outros setores da atividade econômica registraram criação de empregos: Serviços (316.936), Indústria (94.789), da Construção (75.615) e da Agropecuária (41.792 ).

Confira aqui os números do Caged.

IPEA aponta recorde de desemprego de longo prazo

Nesta segunda-feira (28), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou levantamento sobre mercado de trabalho. Os dados indicam que o Brasil chegou ao quarto trimestre de 2021 com proporção recorde de desemprego de longo prazo: mais de 30% dos cerca de 12,1 milhões de desempregados estavam em busca de uma vaga havia dois anos ou mais, maior porcentual de pessoas nessa situação em toda a série histórica iniciada em 2012.

No primeiro trimestre de 2021, entre todos os desempregados, 23,5% estavam procurando trabalho há dois anos ou mais. No segundo trimestre, essa proporção subiu a 25,7%, aumentando a 28,9% no terceiro trimestre, até atingir o patamar de 30,3% no quarto trimestre do ano passado.

“O que acaba acontecendo é um efeito composição. As pessoas menos qualificadas, aquelas que já estão há muito tempo (desempregadas), cada vez elas ficam sobrando mais no mercado de trabalho. Todo mundo que está mais bem qualificado vai começando a conseguir um emprego, então o estoque de desempregados vai caindo. Mas esse grupo de pessoas de baixa qualificação, que já não estão conseguindo vaga de emprego há bastante tempo, eles vão permanecendo quase que intactos”, justificou a técnica de planejamento e pesquisa Maria Andréia Parente Lameiras, uma das autoras do estudo do Ipea.

Ser MEI vira saída pela sobrevivência

Sem criação de vagas formais com salários, no mínimo, suficientes para pagar as contas, o país vê uma avalanche de criação de microempresas individuais. O Mapa de Empresas do Ministério da Economia revela que foram criadas mais de 4 milhões de empresas no Brasil em 2021. No entanto, de cada 10 empresas que iniciaram atividades, quase 8 foram de Microempreendedores Individuais (MEIs).

A dificuldade de encontrar um emprego formal corrobora para que os desempregos tornem-se “empreendedores por necessidade”.

Segundo dados oficiais do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,2% no trimestre encerrado em janeiro, com a falta de trabalho atingindo 12 milhões de brasileiros.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.