O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, teria aceitado ser ministro da Fazenda do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), caso este se candidate à Presidência nas eleições de 2026. O nome de Freitas vem sendo ventilado como candidato presidencial desde que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tornou-se inelegível.
No entanto, segundo informações da coluna Painel S.A., da Folha de S.Paulo, Campos Neto teria desestimulado o governador a se candidatar à Presidência. Os dois são amigos.
Na sua avaliação, a situação econômica nos próximos anos sofrerá forte deterioração, o que pode atrapalhar Tarcísio em uma eventual vitória em 2026. Por isso, o teria estimulado a se candidatar à reeleição.
O presidente do BC deixará o comando da autarquia no fim deste ano, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva indicará seu substituto. Campos Neto terá ainda seis meses de quarentena depois que sair do cargo.
Nas últimas semanas, segundo informações da coluna, ele teria conversado com amigos, políticos e colegas do mercado financeiro sobre seu futuro pós-BC.
De acordo com a coluna, Campos Neto tem a intenção de montar um negócio próprio no Brasil. Um de seus sonhos é abrir um banco blockchain, totalmente ancorado no dinheiro digital. No entanto, devido a problemas regulatórios e tecnológicos no Brasil, ele cogita, antes, montar um fundo em parceria com algum gigante do mercado financeiro dos EUA.
Mas, ainda segundo a coluna, ele vem sendo cortejado pelos bancos Itaú e BTG Pactual. Porém, considera que não será adequado depois de ter presidido o BC. Por outro lado, não descarta comandar uma instituição globalmente.
Para o caso de o amigo Tarcísio resolver se candidatar à presidência em 2026, a estratégia até já estaria armada. O nome de Campos Neto como futuro ministro seria anunciado ainda durante a campanha, repetindo a estratégia de Jair Bolsonaro, que conquistou os votos do empresariado e do mercado financeiro ao anunciar Paulo Guedes como seu guru na Economia.
Gleisi Hoffman diz que Campos Neto atua para sabotar governo Lula
Nos últimos meses, Campos Neto tem sido bastante bajulado pela direita bolsonarista. Além de dar as caras a vários eventos com a presença da nata do empresariado brasileiro, Campos Neto participou, em maio, de jantar na casa do apresentador Luciano Huck, com a presença do governador de São Paulo.
Na última segunda-feira (10), Tarcísio ofereceu um jantar a ele no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Antes do jantar, Campos Neto participou de um rapapé na Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo), onde recebeu uma medalha, denominada “colar de honra ao mérito legislativo”.
Em seu discurso na Alesp, para surpresa de ninguém, Campos Neto defendeu um Estado mínimo, mas com força suficiente para dar previsibilidade aos agentes do mercado. E disse que quem faz o Brasil é a iniciativa privada e que cabe ao governo facilitar a vida do empresariado.
Em um tweet publicado ontem (12), a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR) criticou duramente o presidente do Banco Central após a revelação de seu envolvimento na campanha política do atual governador de São Paulo.
Gleisi afirmou que a autonomia do BC está comprometida, acusando Campos Neto de fazer campanha abertamente por Tarcísio Freitas para a presidência da República e de apostar na deterioração da economia do país para favorecer o candidato de Jair Bolsonaro.
“Isso é que é a tal ‘autonomia’ do Banco Central: diz a Folha que Campos Neto faz campanha por Tarcísio Freitas para presidência e topa ser ministro da Fazenda. Aposta na deterioração da economia do país (que ele faz de tudo para atrapalhar) para favorecer o candidato de Jair Bolsonaro. E o cara ainda está sentado na cadeira de presidente do BC! Quando a gente diz que ele é político, jamais um técnico, ficou escancarado agora. Campos Neto não tem sequer resquício de autoridade para comandar o BC”, escreveu Gleisi.
Ela ainda disse que Campos atua para “sabotar” o governo do presidente Lula (PT) por meio da manutenção do alto patamar da taxa básica de juros (Selic).
“Campos Neto faz política. Que outro presidente de Banco Central fica em convescotes, jantares, conversas e homenagens com políticos de oposição e com o ‘mercado’ como ele fica? Ele não tem nada de técnico, é político. Olhem o comportamento do Jerome Powell, presidente da Reserva Federal dos Estados Unidos, ou da Christine Lagarde, presidenta do Banco Central Europeu. Isso não acontece em lugar nenhum do mundo”, postou Gleisi no X, antigo Twitter.
“Depois de obrigar o país a pagar R$ 800 bilhões em juros da dívida em 12 meses, Roberto Campos Neto jantou com Tarcísio Freitas no Palácio Bandeirantes. Foi à festa dos bolsonaristas para comemorar o prejuízo causado à economia e à população. É assim que planejam voltar ao governo em 2026: sabotando o governo Lula com o veneno dos juros, tocando o terror no mercado e mentindo muito, como ensina Bolsonaro, o chefe de todos eles”, completou.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S.Paulo e do Brasil 247