Durante uma coletiva de imprensa para apresentar o Relatório Trimestral de Inflação, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, declarou que “se fosse cumprir a meta de inflação em 2023, teria que ter juro de 26,5%” e alegou que a instituição está buscando “um processo de suavização” no cumprimento da meta. A informação é do jornal Valor Econômico.
A taxa básica de juros Selic está atualmente em 13,75% ao ano e uma das pautas centrais do governo Lula é pressionar a autoridade monetária para reduzi-la. Na direção contrária, a última ata do Comitê de Política Monetária (Copom) afirma que o BC “não hesitará” em aumentar a taxa se a desinflação não ocorrer como esperado.
Em resposta às críticas à alta dos juros, Campos Neto disse ver “uma politização de uma linguagem muito técnica” e alegou que a menção de uma possível alta na taxa de juros já vinha sendo feita desde setembro, antes mesmo das eleições. Ele também disse que a decisão do Copom é “supertécnica”, baseada em análises e projeções rigorosas e fundamentadas.
Ao ser questionado sobre a possibilidade de cortes nos juros, Campos Neto afirmou que não é possível antecipar a função reação da autoridade monetária, já que há uma grande incerteza em relação ao curto e médio prazo.
Gleisi defende exoneração de Campos Neto
A presidente do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR), sugeriu nesta quinta-feira (30) que o presidente Lula pode exonerar a diretoria do Banco Central. Ela lembrou da Lei Complementar nº 179, de 24 de fevereiro de 2021, que dispõe sobre ‘os objetivos do Banco Central do Brasil, sobre sua autonomia e sobre a nomeação e a exoneração de seu Presidente e de seus Diretores’.
Tal texto prevê que o presidente da República poderá exonerar o presidente do Banco Central e seus diretores quando estes “apresentarem comprovado e recorrente desempenho insuficiente para o alcance dos objetivos do Banco Central do Brasil”.
“O Banco Central do Brasil tem por objetivo fundamental assegurar a estabilidade de preços”, define a lei, além de prever como dever do BC “zelar pela estabilidade e pela eficiência do sistema financeiro, suavizar as flutuações do nível de atividade econômica e fomentar o pleno emprego”, além, claro, de manter a inflação em patamares controlados.