CGU encontra erros nas contas de ministérios de Bolsonaro. Apenas no de Tarcísio, falhas somam R$ 20 bi

Relatórios de auditoria financeira da Controladoria-Geral da União, referentes ao último ano do governo Bolsonaro, encontraram inconsistência de R$ 202 bilhões em cinco ministérios
21 de julho de 2023

A Controladoria-Geral da União (CGU) encontrou distorções contábeis de R$ 202 bilhões em cinco ministérios no último ano do governo de Jair Bolsonaro (PL). De acordo com o relatório da auditoria financeira publicado em abril, e divulgado nesta quarta (19), foram encontradas inconsistências nas pastas de Agricultura, Cidadania, Educação, Infraestrutura e Saúde.

De acordo com a CGU, as falhas significam que as demonstrações contábeis não refletem com exatidão a situação patrimonial, ou o resultado financeiro e o fluxo de caixa dos órgãos.

O Ministério da Agricultura soma o maior volume, com inconsistências na ordem de R$ 142,9 bilhões. Os técnicos da CGU apontam que a maior parte desses recursos – R$ 134 bilhões – está relacionada a falhas contábeis no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Durante o governo anterior, o órgão fazia parte da pasta e tinha como presidente o general João Carlos Jesus Corrêa, dono de fazendas de gado e herdeiro de uma das maiores fortunas do Rio Grande do Norte.

Falhas no ministério de Tarcísio

Responsável pela reforma agrária, o Incra possui um patrimônio avaliado em R$ 124 bilhões em terrenos e glebas. Além de R$ 95 bilhões em fazendas, parques e reservas. O relatório detalha que foram escolhidos 155 imóveis para verificar se a avaliação era compatível com os valores de mercado. Com isso os técnicos constataram uma defasagem de 63%. Também foram verificadas falhas na contabilização dos programas Fundo de Terras, Reforma Agrária e Funcafé.

O segundo ministério com maior volume de inconsistências é o Infraestrutura, chefiado desde o início do governo Bolsonaro por Tarcísio de Freitas (Republicanos). O hoje governador de São Paulo acabou deixando o cargo no primeiro semestre do ano passado para se candidatar à disputa pelo Executivo estadual. Em sua antiga pasta, contudo, a CGU encontrou falhas de R$ 20,3 bilhões. De acordo com os técnicos há R$ 2,3 bilhões de registros equivocados nas contas de créditos a receber envolvendo concessões de aeroportos.

Até 2021, a meta do então ministro era conceder à iniciativa privada 41 aeroportos administrados pela Infraero. A privatização ainda chegou a ser destaque de sua campanha eleitoral.

Governo Bolsonaro

Os auditores fiscais também concluíram que as demonstrações do MEC também estão equivocadas. Na pasta, foram apontadas inconsistência de R$ 17,1 bilhões. Entre as 26 inconformidades estão imóveis usados por entidades vinculadas à Educação. O que causou uma distorção de R$ 1,1 bilhão. Assim como no Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), onde foram registradas falhas de R$ 782 milhões. De acordo com a CGU, há valores diferentes reconhecidos contabilmente pela pasta em relação aos valores registrados na Caixa e no Banco do Brasil.

O relatório também cita classificação contábil incorreta de pagamentos de bolsas de estudo no exterior ofertadas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e prejuízos financeiros, sociais e operacionais decorrentes de obras paradas.

Na Saúde, as falhas somam R$ 15,9 bilhões. De acordo com GCU, há erros nos controles internos de pagamento de despesas, na gestão de controle de medicamentos e perda de estoques. Em abril, a Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados flagrou mais de R$ 2 bilhões em insumos comprados pelo Ministério da Saúde – como medicamentos e vacinas – no lixo. Eles acabaram incinerados nos últimos quatro anos porque não foram usados dentro do prazo de validade.

A auditoria fiscal também levantou distorções de R$ 6,3 bilhões no Ministério da Cidadania. Houve falhas em controles de pagamento aos beneficiários dos programas Auxílio Brasil e Auxílio Gás. O relatório detalha erros de estornos, benefícios não sacados, autorizações de pagamento a famílias que não se enquadraram no perfil para receber o benefício e erros no cálculo de valores a pagar.

A CGU conclui, por fim, que os ministérios aprimorem os controles internos para correção das distorções identificadas.

Rede Brasil Atual com informações da Agência Brasil 

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.