Desde a crise financeira de 2008, o mundo não acompanhava uma decorrada de uma instituição financeira tão forte como a que ocorreu na semana passada com o Silicon Valley Bank (SVB). Escoladas pela crise anterior, as autoridades dos EUA lançaram um conjunto de medidas para evitar a corrida em massa aos bancos, cujas consequências poderiam ser catastróficas levando-se em conta de que estamos falando da maior economia do globo.
Ontem (12), depois de um fim de semana dramático, autoridades dos EUA lançaram medidas de emergência para reforçar a confiança no sistema bancário do país. Depois de fecharem o Silicon na sexta-feira passada (10), quando depositantes começaram a correr para sacar seus dinheiros na instituição, reguladores americanos decidiram fechar o banco para evitar saques mais maciços em outras instituições também.
Para acalmar os ânimos, após a falência do Silicon, foi anunciado ontem que, a partir desta segunda-feira (13), os depositantes terão acesso a todos os seus depósitos. Também foi anunciado um instrumento para dar aos bancos acesso a fundos emergenciais. Além disso, o Fed (Federal Reserve) tornou mais fácil para as instituições tomarem empréstimos em emergências.
Apesar das medidas para minimizar a crise após a falência do Silicon, as preocupações com os riscos bancários após a falência do Silicon permanecem e lançam dúvidas sobre se o Fed manterá seu plano de aumentos agressivos da taxa de juros, o que tem preocupado os investidores do mundo todo.
Recentemente, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse, durante sabatina de dois dias no Senado norte-americano, que o país está preparado para avançar, em etapas maiores, se a totalidade das informações recebidas sugerir medidas mais duras para controlar a inflação.
Como a inflação aumentou e o governo dos Estados Unidos observou uma forte abertura de postos de trabalho em janeiro, a autoridade monetária deve elevar os juros mais do que o esperado em resposta aos recentes dados econômicos em sua próxima reunião, marcada para os dias 21 e 22 de março. A taxa de desemprego nos Estados Unidos caiu para seu nível mais baixo em 53 anos, o que tem forçado a inflação para cima.
Embora os analistas acreditem que as medidas tomadas pelo Fed, Tesouro americano e FDIC (Federal Deposit Insurance Corp) ajudem a mitigar os efeitos temporários da crise do SVB, o acontecimento poderá contribuir para níveis mais altos de volatilidade na economia americana, ou seja, que o sistema financeiro pode não estar totalmente fora de perigo ainda.
Além do SVB, considerado um dos pilares da economia de startups, os reguladores também agiram rapidamente para fechar o Signature Bank de Nova York, que vinha sofrendo pressão nos últimos dias.
FMI está monitorando impactos do colapso do Silicon Valley Bank no mercado financeiro
O FMI (Fundo Monetário Internacional) disse ontem que está monitorando os potenciais riscos da quebra do Silicon para o mercado financeiro. Por outro lado, a instituição disse estar confiante de que Washington está tomando as medidas reguladoras apropriadas.
Composto por 190 países-membros, representados por seus governos, e com sede em Washington, D.C. (EUA), o principal papel do fundo é fornecer empréstimos aos países-membros em dificuldades financeiras e, com isso, tentar garantir a estabilidade econômica.
O colapso do SVB é a maior falência bancária desde 2008, o que gerou preocupações sobre se os clientes de pequenas empresas serão capazes de pagar seus funcionários, com o FDIC protegendo apenas depósitos de até US$ 250 mil. Cerca de 89% dos US$ 175 bilhões em depósitos no SVB não tinham seguro no final de 2022, de acordo com o FDIC.
Taxa de juro dos EUA complicou a situação do SVB
A taxa de juro dos EUA vem aumentando desde 2020, quando saiu do patamar de 0,25% para algo em torno de 4,75%, em fevereiro deste ano, para controlar a inflação. Esse aumento teria impactado os negócios do SVB, cujos principais clientes são startups e financiadores.
O aumento da taxa de juro desacelerou os negócios do setor de tecnologia, o que fez com que as empresas atendidas pelo SVB começassem a retirar dinheiro mais rápido do que o esperado.
Somado à retirada de recursos, o banco também viu novos investimentos minguarem, o que fez com que reduzisse consideravelmente seu montante de recursos. A realização de uma série de investimentos no Tesouro dos EUA e em títulos de dívida pública ligados ao governo também ajudou a jogar a pá de cal, porque os valores desses títulos foram caindo com o aumento dos juros.
Na quarta-feira da semana passada, o SVB anunciou a venda de diversos títulos com prejuízo a fim de equilibrar as contas. Mas, em vez de ajudar, o anúncio gerou pânico em empresas de capital de risco, fazendo com que investidores retirassem dinheiro do banco e as ações da instituição chegassem a cair 60%, fazendo o SVB perder quase US$ 10 bilhões.
Redação ICL Economia
Com informações do Brasil 247 e portal G1