O governo anunciou, nesta quarta (6), a mudança na conta de luz da bandeira da escassez hídrica – com custo de R$ 14,20 a cada 100 KWh consumidos – para a bandeira verde – sem cobrança adicional -, a partir do próximo dia 16 de abril.
No entanto, há divergências entre especialistas do setor em relação à redução nos valores finais da conta a ser paga pelos consumidores. Isso porque, ao longo da crise hídrica do ano passado, o governo federal fez contratações emergenciais bilionárias – cerca de R$ 11,7 bilhões – para o uso de termelétricas, que entrarão em operação a partir de maio deste ano até dezembro de 2025. Ou seja, essa conta ainda será repassada para os consumidores finais durante todo esse período.
Segundo o professor de planejamento energético da UFRJ, Diego Malagueta, em entrevista à CNN Brasil, “o que todos nós consumidores pagamos a mais, neste atual período de bandeira de escassez hídrica, não foi o suficiente para suprir todo os custos das distribuidoras de energia”. Ele explica que os efeitos desta contratação (2022 a 2025) serão ainda mais sentidos entre os anos de 2023 e 2026. “As distribuidoras não podem repassar todos os custos para os consumidores de uma só vez. Sendo assim, acabamos pagando esse valor com juros e essa conta ainda não fechou”, aponta.
Diante disso, a conta final de luz a ser paga não deve sofrer impactos significativos e deve continuar cara, mesmo com o anunciado fim da bandeira tarifária. O governo trabalha com a perspectiva de bandeira verde até o fim do ano.
Sempre é importante lembrar que as tarifas de energia têm crescido acima da inflação, pesando ainda mais no bolso dos consumidores, especialmente nos extratos sociais de menor renda.
A conta de luz no Brasil subiu mais do que o dobro da inflação desde 2015. Dados da Abraceel (Associação Brasileira dos Comercializadores de Energia) apontam que a tarifa residencial acumula alta de 114%, uma diferença de 137% em relação à inflação no mesmo período (48%). No período analisado —de 2015 a 2021 —, o custo da energia elétrica residencial subiu, em média, 16,3% por ano. Já o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), a inflação oficial do país, variou 6,7% ao ano.
Redação ICL Economia
Com informações das agências