O Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central encerra, nesta quarta-feira (13), a última reunião do ano, quando deve anuciar o quarto corte seguido de 0,50 ponto percentual na taxa Selic. Se os prognósticos do mercado financeiro forem concretizados, os juros do Brasil cairão de um patamar de 12,25% para 11,75% ao ano.
Desde agosto, o colegiado do BC iniciou a trajetória de cortes da Selic, que saiu do patamar de 13,75% para o atual.
A taxa (sem descontar a inflação) já foi a maior do mundo, mas hoje ocupa a sexta posição – à frente estão Argentina, Turquia, Hungria, Colômbia, Rússia. No entanto, o país continua com a maior taxa de juro real do mundo (descontada a inflação).
E é sobre esse aspecto que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, tem insistido. Em entrevista à Reuters ontem (12), ele disse que a taxa de juros do país começou a cair “de forma tímida, mas consistente”, enfatizando que os juros reais brasileiros seguem altos, o que deixa o Banco Central com “gordura para queimar” na política monetária.
“A taxa de juros começa a cair ainda de forma tímida, mas consistente”, disse em reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, conhecido como “Conselhão”.
“Nós temos gordura para queimar na política monetária, nossa taxa de juro real ainda está muito distante do segundo colocado [México]”, acrescentou.
Em seu discurso, Haddad afirmou que o crescimento econômico deve superar 3% este ano e que a inflação está “praticamente dentro da banda”, acrescentando que não há razão para imaginar que 2024 será pior do que 2023.
Ele afirmou que o país deve entrar em breve em um ciclo virtuoso, com crescimento sustentável do ponto de vista fiscal e ambiental, prevendo uma melhora no cenário internacional.
“Vamos associar nosso ciclo de corte (de juros) com um ciclo que vai começar a acontecer no mundo desenvolvido a partir de meados do ano que vem. Isso significa que um ciclo virtuoso pode ser iniciado”, disse.
Taxa Selic: Lula critica “pessimismo” do mercado e diz que o Brasil vai voltar a ser a 6ª maior economia do mundo
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participou ontem de evento, em Brasília, no qual foram anunciados investimentos de bancos públicos, como o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), em estados como Belém e São Paulo.
Em seu discurso, Lula voltou a criticar o “pessimismo” de economistas e lembrou que ao contrário do que diziam os especialistas – que previam um crescimento abaixo de 1% para o Brasil em 2023 -, o país deve crescer cerca de 3% neste ano.
“Nosso papel muitas vezes é passar otimismo e vender criatividade para que a gente dê certo na governança. Estava vendo o Aloizio Mercadante falar: ‘emprestamos mais do que os quatro anos do governo passado’. Estava vendo a nossa presidenta do Banco do Brasil falar: ‘emprestamos mais do que os quatro anos do governo passado’. Estava vendo a Caixa falar: ‘emprestamos mais do que quatro anos do governo passado’. O BNB emprestou mais quatro vezes, o ministro do Transporte está investindo neste ano R$ 23 bilhões, que é mais do que os quatro anos do governo passado. Então eu fico me perguntando: qual é o pessimismo dos economistas, que acham que vai crescer pouco, porque a China não sei das quantas? Não vamos pensar na China. Vamos pensar em nós aqui. Quando alguém vai no médico alguém vai para saber se está doente? Não, vai atrás de uma cura, de um remédio”, disse.
“Vamos criar as condições para esse país crescer, e esse país pode crescer, sim, em 2024 o tanto que cresceu em 2023. Temos projetos, temos bancos, temos empresários, temos disposição de fazer esse país crescer. É preciso parar de chorar e lamentar. O país será do tamanho da nossa criatividade. Se em casa não tem comida eu fico ‘ai não tem comida para eu comer’? Eu vou ficar na mesa com fome? Eu vou sair para procurar comida. Esse país vai crescer. Quem estiver apostando que esse país vai ter um decréscimo muito grande do crescimento, quero que esteja em dezembro do ano que vem aqui para a gente ver o que aconteceu, porque vai aparecer dinheiro privado, investimento externo. É por isso que fomos agora para Dubai, Arábia Saudita, Catar, cheio de projeto, cheios de amor para dar”, acrescentou.
O presidente ainda prometeu que o Brasil voltará a brigar pelas posições de 7ª ou 6ª economia do mundo. “Eu posso dizer para vocês: esse país vai mudar de verdade. Eu quero ter uma conversa franca com vocês quando chegar dezembro de 2026. Quero fazer o mesmo que eu fiz em 2010. Esse país já é agora a 9ª economia do mundo. Se preparem porque nós vamos disputar a 7ª e a 6ª economia do mundo, porque não há nenhuma explicação para esse país ter o potencial extraordinário que tem e a gente ficar chorando, lamentando, reclamando. Temos que fazer as coisas acontecerem”, enfatizou Lula.
‘Qual o problema?’, diz Lula sobre o país se endividar para ‘crescer’
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a minimizar, na terça-feira (12), após reunião com o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), o Conselhão, a possibilidade de o país se endividar, se isso for necessário para garantir investimentos. De acordo com o presidente, o grupo apresentou um conjunto de iniciativas para o país.
“Nós precisamos fazer um estudo de viabilidade econômica de quanto será o investimento para a gente colocar essas coisas maravilhosas que vocês (Conselhão) fecharam que é preciso fazer para o Brasil dar certo” disse o presidente. “Não é uma decisão de mercado, não é apenas uma questão fiscal” continuou Lula. “Se for necessário esse país fazer um endividamento para o Brasil crescer, qual é o problema?”, perguntou o presidente.
Os economistas do ICL Deborah Magagna e André Campedelli destacam que perseguir o déficit zero, como quer Haddad, vai na contramão do mundo quando se pensa em formas de fazer o país crescer. “A chamada austeridade expansionista, que era a teoria da moda dos anos 1990, há muito tempo já se mostra obsoleta. Autores liberais famosos, como Olivier Blanchard, presidente do FMI, já falam abertamente sobre o risco de cortar gastos para tentar equilibrar as contas públicas, o que resultaria, no final, somente num aumento do déficit. Ou seja, para recompor as contas públicas, seria preciso um período de expansão dos gastos para gerar um crescimento econômico que aumentasse as receitas”, alertam os economistas.
Redação ICL Economia
Com informações do InfoMoney e do Brasil 247. Fonte: Reuters