Os nove membros do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central votaram por manter, pela segunda vez seguida, a taxa básica de juros, a Selic, em 10,50% ao ano. A decisão, anunciada nesta quarta-feira (31) após o fechamento do mercado, foi justificada pelo cenário global incerto e pela elevação das expectativas de inflação no Brasil.
O mercado já esperava pela decisão, uma vez que na ata da última reunião do colegiado, esse sinal já havia sido dado. Aliás, no documento o Copom sinalizou que a Selic pode permanecer mais alta até 2025, o que é ruim para a economia brasileira como um todo, com efeitos nos juros da dívida e no crédito mais caro para empresas e pessoas físicas.
Nesta quarta-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar o patamar dos juros no país.
“Hoje, temos o menor nível de desemprego, a inflação está controlada; só falta a gente reduzir a taxa de juros, que não depende só do governo, mas que a gente vai conseguir também”, declarou o petista em um evento no Mato Grosso poucos minutos antes do anúncio da decisão do Copom.
Lembrando que, hoje, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou que a taxa de desemprego caiu para 6,9% no trimestre encerrado em junho, a menor em uma década.
Em comunicado divulgado com a decisão, Copom afirma que monitora política fiscal
O comitê afirmou no comunicado divulgado com a decisão que “monitora com atenção como os desenvolvimentos recentes da política fiscal impactam a política monetária e os ativos financeiros”.
“A percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal, junto com outros fatores, tem impactado os preços de ativos e as expectativas dos agentes. O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida contribui para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária”, diz o texto.
A autoridade monetária ainda acrescentou que a decisão pela manutenção do juro levou em conta um cenário que demanda “acompanhamento diligente e ainda” maior cautela em relação à edição do mês passado. Sobre o quadro internacional, o BC citou as incertezas. No doméstico, mencionou a conjuntura formada por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas.
O Copom também se limitou a repetir que “a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta”.
Inflação
O BC elevou de 3,1% para 3,4% a projeção de inflação para 2025 no “cenário alternativo”, demonstrando que, mesmo com a taxa Selic estacionada em 10,5% pelos próximos 17 meses, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ainda superaria com folga o centro da meta, de 3%.
No comunicado, o Copom incluiu no seu horizonte uma projeção para o IPCA no primeiro trimestre de 2026 de 3,2% no cenário alternativo. Essa estimativa sugere que os juros estáveis seriam suficientes para fazer a inflação convergir em um prazo mais longo.
Isso porque o efeito da taxa de juros de agora só é sentido lá na frente, em uma janela de ao menos seis meses.
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Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias