‘Déficit zero pode gerar implicações para políticas sociais, como o PAC e o Bolsa Família’, avalia o economista Caio Vilella

O economista, que é doutor em economia pela UFRJ e professor da Unisantos, foi entrevistado na edição de ontem (7) do programa ICL Mercado e Investimentos, conduzido pelos economistas Deborah Magagna e André Campedelli.
8 de março de 2024

A agenda do governo Lula 3 possui um contrassenso: ao mesmo tempo que quer cumprir a meta de zerar o déficit fiscal em 2024, intenciona elevar gastos com investimentos, como as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), um dos cartões de visitas do atual mandato do petista. Para o economista Caio Vilella, “quando o governo assume a posição de déficit zero ele está priorizando uma agenda”, e isso pode “gerar implicações para políticas, como o PAC e o Bolsa Família”.

“Não sei se foi um compromisso assumido para passar a agenda que ele quer passar [no Congresso], mas certamente isso gera implicações para as políticas, como o PAC, Bolsa Família e outras políticas sociais que vão ter que ser constrangidas”, disse, durante participação na edição de ontem (7) do ICL Mercado e Investimentos, programa diário veiculado no canal do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), apresentado pelos economistas Deborah Magagna e André Campedelli.

O economista, que é doutor em economia pela UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) e professor da Unisantos (Universidade Católica de Santos), não vê necessidade de um déficit zero diante do cenário econômico do país. “Me parece que um déficit de 0,5% ou de 1% [do PIB] que fosse não seria capaz de gerar uma inflação de demanda por essa perspectiva, dada a capacidade ociosa que tem na indústria brasileira”, pontuou, ressaltando que tampouco um inflação de custos, cujo principal elemento é a taxa de câmbio, está no horizonte brasileiro.

“Grosso modo, 1% do PIB que fosse para estimular o investimento inteligente no PAC, por exemplo, não me parece [suficiente para] pressionar a inflação, pelo lado da demanda, e tampouco uma pressão pelo balanço de pagamentos”, complementou.

Para este ano, ele vê um crescimento econômico pressionado pelo cumprimento da meta e, também, do arcabouço fiscal, conjunto de regras que limita o aumento de gastos em relação às receitas.

“A ver se os resultados externos serão tão positivos a ponto de compensar, mas sou cético em relação a isso”, disse.

 

Assista à entrevista completa com Caio Vilella no vídeo abaixo:

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Redação ICL Economia
Com informações do ICL Mercado e Investimentos

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