Dependência de fertilizante coloca em xeque o potencial do Brasil na exportação de produto agrícola

Com a guerra, a instabilidade na produção mundial de alimentos deve incentivar o plantio e mais exportação brasileira, segundo Governo. Mas, há o risco de escassez de fertilizante
23 de março de 2022

O Brasil pode se beneficiar dos efeitos do choque da guerra envolvendo Rússia e Ucrânia se o país tiver fertilizantes para a produção de alimentos, com a alta dos preços, segundo avaliação o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. 

O conjunto de sanções dos países contra a Rússia é o maior da história, e isso traz implicações ao mundo. Campos Neto disse que o conflito entre Rússia e Ucrânia resultou em uma grande crise energética mundial, já que os grandes países da Europa dependem do gás russo, intensificando os problemas da pandemia.

“Há uma oportunidade secular para o Brasil, se tiver as políticas certas, para entrar nas cadeias globais de valor”, afirmou Campos. “Há um redesenho das cadeias globais, é um movimento importante e duradouro. Haverá um mundo mais polarizado, com divisão entre empresas privadas.”

O impacto no curto prazo, segundo Campos Neto, será o aumento dos desafios na transição para uma economia verde, com maior incentivo para utilização de fontes alternativas. O mais importante, disse ele, será o redesenho das cadeias globais. “Há empresas que querem diversificar os contratos, o que significa mais custo e menos eficiência”, disse.

Trigo

A guerra no leste europeu e, por consequência, a instabilidade na produção de alimentos devem incentivar o plantio no Brasil e mais exportação, abrindo novos caminhos para a produção nos próximos anos.

O Brasil tem um grande potencial de produção e de exportação, segundo o porta voz da Embrapa Trigo. Temporariamente, devido à invasão da Ucrânia pela Rússia, haverá um remanejamento das exportações mundiais, principalmente no Norte da África, região atendida pelos dois países em guerra.

Segundo dados da Embrapa, os preços externos do trigo estão elevados e dão sustentação aos internos. A demanda da indústria brasileira é boa e dá garantia aos produtores, uma vez que os argentinos, principais exportadores para o Brasil, estão diversificando seus mercados.

Além disso, a Embrapa e as entidades ligadas ao setor estão desenvolvendo novas variedades de trigo conforme as exigências dos mercados interno e externo. Ainda há o aproveitamento do trigo na produção de rações no Brasil e no mundo, devido ao preço elevado dos demais grãos

Até então, os produtores sempre estiveram presos unicamente ao mercado interno, sem muito incentivo para produzir. Segundo a Embrapa, os preços externos do trigo estão elevados e dão sustentação aos internos. A demanda da indústria brasileira é boa e dá garantia aos produtores, uma vez que os argentinos, principais exportadores para o Brasil, estão diversificando seus mercados.

Demanda, preços e efeitos da guerra do Leste Europeu sobre o mercado mundial farão com que a área cresça próximo de 30% no Rio Grande do Sul. Também deverá crescer nas regiões mais frias do Paraná — de Pato Branco a Ponta Grossa—, mas a evolução será menor nas regiões mais quentes, como as de Cascavel ao Norte Pioneiro.

Escassez de fertilizantes

Apesar de todo o otimismo de representante do Governo, há muitas incertezas sobre o desenrolar da guerra e ao aumento de plantio para exportação sem os fertilizantes necessários.  

O Brasil importa hoje 85% desses fertilizantes NPK (nitrogênio, fósforo, potássio) para abastecer o consumo nacional. São bastante utilizados no cultivo de soja, milho, café, trigo, arroz e cana-de-açúcar, além de frutas.A dependência específica de potássio, porém, sobe para 96%.
 
Extrair potássio não é algo que se faz do dia para a noite. Trata-se de minas que, geralmente, estão localizadas em profundidades de 600 a 800 metros. Não basta apenas alcançar essas áreas. É preciso abrir túneis por onde circulam máquinas de grande porte. Por vezes, até mesmo caminhões. Isso significa investimento pesado e vários meses ou ano de obras.

Redação ICL Economia

Com informações das agências de notícias
 
 

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