Custo da cesta básica cai em 10 das 17 capitais pesquisadas pelo Dieese. Salário mínimo compra mais itens

Quem ganha o salário mínimo comprometeu 55,63% da renda para a compra da cesta, ante 59,68% um ano atrás
7 de julho de 2023

O valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 10 das 17 capitais onde o Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) realiza mensalmente a Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos. Entre maio e junho de 2023, as quedas mais importantes ocorreram em Goiânia (-5,04%), Brasília (-2,29%) e Vitória (-2,08%). As altas foram observadas em Recife (5,79%), Natal (5,00%), João Pessoa (4,12%), Aracaju (2,41%), Campo Grande (0,84%), Florianópolis (0,84%) e Salvador (0,26%).

São Paulo foi a capital onde o conjunto dos alimentos básicos apresentou o maior custo (R$ 783,05), seguida de Porto Alegre (R$ 773,56), Florianópolis (R$ 771,54) e do Rio de Janeiro (R$ 741,00). Nas cidades do Norte e do Nordeste, onde a composição da cesta é diferente, os menores valores médios foram registrados em Aracaju (R$ 567,11), Salvador (R$ 595,84) e João Pessoa (R$ 604,89).

A comparação dos valores da cesta, entre junho de 2022 e junho de 2023, mostrou que 13 capitais tiveram aumento de preço, com variações que oscilaram entre 0,63%, em Fortaleza, e 4,37%, em Belém. Outras três cidades apresentaram queda: Brasília (-1,58%), Goiânia (-0,70%) e Vitória (-0,22%); e, em Curitiba, houve relativa estabilidade (-0,01%).

No primeiro semestre do ano, o custo da cesta básica aumentou em 10 cidades, com destaque para as taxas de Recife (9,92%), Aracaju (8,84%) e Natal (8,20%). As quedas variaram entre -5,79%, em Belo Horizonte, e -1,04%, em São Paulo.

Com base na cesta mais cara, que, em junho, foi a de São Paulo, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário.

Em junho de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria ter sido de R$ 6.578,41 ou 4,98 vezes o mínimo de R$ 1.320,00. Em maio, o valor necessário era de R$ 6.652,09 e correspondeu a 5,04 vezes o piso mínimo. Em junho de 2022, o mínimo necessário deveria ter ficado em R$ 6.527,67 ou 5,39 vezes o valor vigente na época, que era R$ 1.212,00.

Salário mínimo passou a comprar mais itens da cesta básica entre maio e junho

O tempo médio necessário para adquirir os produtos da cesta básica passou de 113 horas e 19 minutos, em maio, para 113 horas e 13 minutos, em junho. Já em junho de 2022, a jornada média foi de 121 horas e 26 minutos.

Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto de 7,5%, referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu em média, em junho de 2023, 55,63% do rendimento líquido, para adquirir os produtos alimentícios básicos, e em maio, 55,68%. Em junho de 2022, o percentual ficou em 59,68%.

Entre maio e junho, o valor do quilo do feijão carioquinha diminuiu em todas as cidades onde é pesquisado (Norte, Nordeste, Centro-Oeste, em Belo Horizonte e em São Paulo), com taxas de variação entre -18,20%, em Campo Grande, e -4,52%, em Aracaju.

Em 12 meses, nove cidades apresentaram redução, com destaque para Belo Horizonte (-14,20%) e Campo Grande (-9,58%). Belém acumulou alta de 4,88%. As quedas no mês foram explicadas pelo bom rendimento das lavouras e pela expectativa de volume expressivo a ser colhido nas próximas safras. O feijão tipo preto, coletado nas capitais do Sul, em Vitória e no Rio de Janeiro, também registrou diminuição de preço em todas as capitais (Porto Alegre, Curitiba, Florianópolis, Vitória e no Rio de Janeiro) ocasionada pela colheita em andamento, que aumentou o volume de grãos comercializados.

Entre maio e junho, as quedas oscilaram entre -1,36%, em Vitória, e -4,70%, em Rio de Janeiro. Em 12 meses, Curitiba mostrou queda de -4,00% e Florianópolis, elevação de 4,32%.

O preço do óleo de soja baixou em todas as capitais; e, os recuos variaram entre -13,25%, em Curitiba, e -3,18%, em Porto Alegre. Em 12 meses, o movimento foi de queda em todas as cidades, com destaque para as taxas de Curitiba (-43,29%), Belo Horizonte (-42,92%) e Belém (-40,99%). Apesar da elevação dos preços internos e externos do grão e da maior demanda de óleo de soja para produção de biocombustível, os preços diminuíram no varejo.

Houve queda do valor médio do quilo da carne bovina de primeira em 15 cidades, com variação entre -5,70%, em Goiânia, e -0,13%, em Aracaju. As elevações foram registradas em Campo Grande (0,34%) e Florianópolis (0,24%). Em 12 meses, todas as cidades tiveram diminuição do preço médio e, em São Paulo, a taxa foi de -11,38%. A maior oferta de animais para abate e a menor demanda, pelos altos patamares de preço do quilo da carne, foram os fatores mais importantes para o resultado mensal.

O preço do arroz agulhinha diminuiu em 14 capitais. As quedas mais expressivas ocorreram em Goiânia (-3,86%) e Vitória (-2,59%). As altas ocorreram em Natal (1,59%), Florianópolis (1,46%) e João Pessoa (0,36%). Em 12 meses, houve aumento em todas as cidades, com taxas entre 4,83%, em Recife, e 16,56%, em Natal. A maior oferta do grão diminuiu os preços no varejo.

O preço do quilo do café em pó diminuiu em 14 capitais, com taxas entre -5,76%, em Goiânia, e -0,11%, em Aracaju. Em Curitiba, não houve variação de preço; e, Natal (0,73%) e João Pessoa (0,22%) tiveram elevação. Em 12 meses, apenas Belém acumulou taxa positiva, de 0,28%; nas demais cidades houve redução, com destaque para as taxas de Goiânia (-17,07%) e de Brasília (-16,09%). A diminuição de preço se deveu ao volume de grãos da nova safra e ao clima favorável, que permitiu progresso na colheita.

O preço do quilo da batata aumentou em todas as cidades entre maio e junho. As variações mais importantes ocorreram em Campo Grande (36,89%), Florianópolis (33,06%) e Porto Alegre (28,46%). Em 12 meses, as altas oscilaram entre 1,37%, em Curitiba, e 28,33%, em Campo Grande. Vitória (-13,16%) e Rio de Janeiro (-0,49%) mostraram queda. A menor oferta do tubérculo, pelo fim da safra das águas explicou a elevação das cotações.

O açúcar seguiu em tendência de aumento em 14 das 17 capitais. As maiores elevações ocorreram em Fortaleza (7,64%), Goiânia (7,40%) e Natal (6,54%). As taxas negativas foram observadas em Florianópolis (-0,59%), Belo Horizonte (-0,28%) e Campo Grande (-0,26%). Em 12 meses, houve diminuição em nove capitais, com destaque para Recife (-8,07%). Em Curitiba não houve variação; e, outras sete cidades apresentaram alta, sendo a mais expressiva a de Goiânia, 9,35%. A oferta restrita de açúcar elevou o preço no varejo.

Redação ICL Economia
Com informações do Dieese

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