Diante da disparada da inflação e menor poder de compra da população brasileira, supermercados nas periferias do país passaram a vender litro do soro do leite, subproduto mais barato que o leite. Aliás, o comércio de alimentos tem vendido outros subprodutos de itens de necessidades básicas, como feijão quebrado, pontas de frios —bandejas com restos de queijo e presunto—, carcaça e pele de frango, em uma demonstração das agruras que a população mais vulnerável vem enfrentando para conseguir se alimentar.
Com a inflação alta, em junho, levantamento da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) apontou que a fome atingiu 33,1 milhões de pessoas no país, um retrocesso de 30 anos.
O soro de leite passou a ser ofertado depois que o preço do produto disparou com a alta da inflação. O preço do leite longa vida acumula alta de 37,61% nos últimos 12 meses, segundo dados do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), divulgados na sexta-feira (8).
Após fortes críticas nas redes sociais sobre a alta do produto com a inflação elevado no país, o Procon (órgão de defesa do consumidor) notificou o fabricante Nova Mix Industrial e Comercial de Alimentos – Quatá Alimentos a prestar esclarecimentos sobre o produto.
O soro de leite é gerado na produção de queijo e, usualmente, vira matéria-prima para alimentos lácteos, como bebidas e alguns tipos de whey protein, um concentrado de proteína muito usado por praticantes de atividades físicas.
Com disparada da inflação, soro de leite deixa dieta mais pobre em nutrientes
Não há contraindicação de uso do soro de leite, mas ele não substitui o consumo do leite integral, pois ele não possui os mesmos nutrientes, como vitaminas e gordura, que o produto original. Também há menor ganho proteico no consumo do soro de leite em comparação ao líquido tradicional. Além disso, o volume de lactose (açúcar do leite) é mais concentrado no soro, sendo um risco maior, portanto, àqueles com intolerância à lactose.
Além do soro de leite, supermercados de periferia estão vendendo “feijão fora do tipo”, composto por 70% de grãos inteiros e 30% de feijão bandinha (grãos partidos) por conta da alta dos preços devido à inflação. A venda dele é autorizada desde que esteja identificado, segundo exigências de marcação e rotulagem.
Em relação às carnes, com a disparada dos preços, cresce o número de pessoas que se alimentam de produtos como carcaça e pele de frango, itens que também estão sendo vendidos nos estabelecimentos comerciais.
A ONG Banco de Alimentos tem aproveitado alimentos que iriam para descarte por terem perdido características comerciais, como frutas deixadas de lado em supermercados. É feito o recolhimento, a triagem dos bons para consumo e o encaminhamento para instituições.
A ONG também trabalha com a conscientização de que partes de alimentos comumente vistas como sobras, como cascas, talos e sementes, podem ser mais bem aproveitadas, com benefícios à saúde. Já a carcaça e a pele de frango não entram na distribuição da ONG.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias