Primeiro-ministro aponta que economia da China está pior do que no início da pandemia

A confiança do pequeno empresário caiu novamente em maio, registrando a pior marca desde os primeiros meses da pandemia
26 de maio de 2022

O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, admitiu nesta quarta-feira (25) que a economia da China apresenta realidade mais desafiadora do que a passada no início da pandemia, em 2020. A segunda maior economia do mundo passa, hoje, por impactos econômicos em função do rígido controle da Covid-19, ainda em andamento. Segundo a imprensa estatal, o premiê afirmou que, desde março, indicadores de indústria, consumo de eletricidade e transporte “caíram significativamente”.

Durante reunião do governo, Li Keqiang ressaltou que as autoridades devem trabalhar para “estabilizar” a atividade com objetivo de assegurar um “crescimento razoável” no segundo trimestre e reduzir a taxa de desemprego. Para isso, Pequim deve divulgar um pacote com 33 políticas econômicas em seis áreas até o fim de maio, ainda de acordo com a nota da imprensa estatal chinesa.

O primeiro-ministro enfatizou que o governo central e locais têm responsabilidade no processo. Portanto, devem assegurar o desenvolvimento econômico e social, sem descuidar da prevenção e controle do coronavírus. Pequim se mantém firme em sua estratégia Covid Zero, que paralisou a atividade em grandes centros como Xangai.

Analistas questionam se o país conseguirá alcançar a meta de crescimento de “cerca de 5,5%” do Produto Interno Bruto (PIB) este ano estabelecida pelo governo. Alguns economistas agora esperam que a economia da China cresça apenas 4,5% este ano. O Banco Morgan Stanley já divulgou crescimento até 3,2%.

Um dos pontos abordados por Li, divulgados pelas agências de notícias, refere-se à taxa de desemprego, que atingiu 6,1% em abril, perto de um recorde. O primeiro-ministro alertou que os perigos surgirão se o problema durar mais de um trimestre.

Em relação à inflação, Li enfatiza a necessidade de garantir que a produção de grãos não fique abaixo dos níveis do ano passado, pois a produção é fundamental para manter a inflação sob controle. Portanto, a colheita não pode parar mesmo se houver um surto de Covid.

Também o primeiro-ministro pediu às autoridades que mantenham as minas de carvão em operação desde que atendam à segurança do trabalho neste verão, acrescentando que a energia será escassa, independentemente do estado da economia da China.

Li ainda destacou a importância da manufatura no país, que ele disse ser um pilar que emprega até 300 milhões de pessoas, ao contrário dos países desenvolvidos, onde as indústrias de serviços representam a maior parte da economia. A cadeia industrial deve ser protegida, disse.

Economia da China registra queda em diferentes áreas em maio

A economia da China permaneceu profundamente em queda em maio, à medida que os lockdowns vigentes avançavam. As áreas afetadas por medidas de controle de vírus caíram para 20,5% do PIB, abaixo dos 35,1% no mês passado, de acordo com estimativas da Nomura Holdings.

Mas pode demorar mais até que a atividade econômica se recupere de interrupções abruptas causadas pelos lockdowns, e a incerteza da estratégia Covid Zero tornou as empresas relutantes em investir e os consumidores relutantes em gastar.

A confiança do pequeno empresário caiu novamente em maio, registrando a pior marca desde os primeiros meses da pandemia.

Segundo alguns economistas, o sentimento geral ficou mais sombrio, com subíndice que mede as expectativas caindo abaixo de 50 pela primeira vez desde fevereiro de 2020.

“A demanda permaneceu fraca”, disseram os economistas Hunter Chan e Ding Shuang em um relatório do banco Standard Chartered, acrescentando que um subíndice que mede novos pedidos caiu ainda mais. Outros subíndices que medem estoques de matérias-primas e produtos acabados melhoraram.

Varejo, hospedagem e serviços de locação e comerciais – que exigem contato entre pessoas – “continuaram sendo o principal obstáculo”, disseram os economistas.

Eles acrescentaram que as pequenas e médias empresas focadas em exportações “começaram a sentir a dor”, após sofrerem contrações contra o mês anterior.

A demanda externa também foi atingida em maio, à medida que a economia global se ajusta às consequências da guerra na Ucrânia e os bloqueios da China pesam nas cadeias de suprimentos.
Para combater a crise imobiliária, o Banco Popular da China este mês cortou a taxa de juros para novas hipotecas, bancos baixaram sua taxa básica para financiamento imobiliário e o Conselho de Estado pediu a governos locais que apoiem a demanda razoável por habitação.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

Continue lendo

Assine nossa newsletter
Receba gratuitamente os principais destaques e indicadores da economia e do mercado financeiro.