Diante da reta final do segundo turno nesta semana, a expectativa é de que o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) seja cauteloso em relação à taxa de juros Selic, mantendo no mesmo patamar 13,75%, pelo menos, até o próximo ano. A decisão será anunciada hoje (26). No mercado local, apesar de incertezas eleitorais, os especialistas esperam que o BC apenas reforce seu compromisso na busca do cumprimento das metas de inflação.
Diante do risco de desaceleração global, a atenção do mercado estará voltada para o tom da comunicação que será utilizada pela autoridade monetária sobre o cenário projetado à frente. Há um risco crescente de recessão nas grandes economias em 2023. Ao longo das últimas semanas, alguns economistas já projetaram a taxa de juros mais alta nos Estados Unidos, alcançando o patamar em torno de 5% em 2023. O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos subiu 0,4% em setembro, na comparação com agosto, pressionando o FED a novo aumento da taxa de juros em dezembro.
Na avaliação de economistas consultados pela reportagem da Folha de S. Paulo, a comunicação deve indicar a manutenção da taxa de juros Selic em território significativamente contracionista por um período prolongado.
Também há consenso de que o BC deverá prosseguir com a postura de cautela adotada no encontro de setembro, até pela falta de novos fatos que poderiam gerar alguma mudança na condução da política monetária. Se não houver fatos novos, há a previsão de início da redução na taxa de juros Selic no terceiro trimestre de 2023, com a taxa de juros fechando o próximo ano em 11%.
Alta na inflação de serviços e alimentos deve impedir corte na taxa de juros neste momento
A manutenção de um cenário relativamente estável desde setembro e a proximidade do encontro do Copom com o segundo turno das eleições devem impedir sinalizações mais incisivas em qualquer sentido.
No relatório Focus desta semana, os economistas preveem a taxa de juros em 11,25% em dezembro do ano que vem.
Importante ressaltar que a inflação de serviços e de alimentos, que indica o comportamento futuro dos preços, segue ainda em um nível elevado, o que impede que o BC faça neste momento qualquer sinalização no sentido de um corte na Selic nas próximas reuniões.
O mercado trabalha hoje com uma expectativa de inflação em torno de 3,5% para 2024, acima da meta de 3% do BC para o período.
A questão fiscal, a incerteza sobre a política econômica e os impactos para a condução da política monetária a partir do ano que vem também deverão estar entre os aspectos a serem destacados no comunicado do Copom, segundo os especialistas consultados. A redução da taxa de juros Selic no ano que vem estaria condicionada à condução da política fiscal.
Em relação à expectativa de alta da taxa de juros nos Estados Unidos, o câmbio no país não sofreu grande impacto com a moeda americana tendo encerrado na sexta-feira (21/10) passada cotada a R$ 5,14. No mês anterior a cotação era R$ 5,17.
Redação ICL Economia
Com informações da Folha de S. Paulo