Texto da reforma tributária autoriza estados com maior produção agrícola a criarem imposto sobre produtos

Durante tramitação na Câmara, foi incluída no texto da reforma uma emenda de última hora, permitindo os estados criarem um tributo, com cobrança até 2043. Proposta, no entanto, precisa ter ainda o aval do Senado.
18 de julho de 2023

Estados com maior produção agropecuária do país poderão criar um imposto com vigência de 20 anos sobre o agronegócio, conforme a reforma tributária aprovada pela Câmara dos Deputados. O texto ainda precisa de aval do Senado. Na Câmara, uma emenda de última hora permitiu que os estados criem um tributo, com cobrança até 2043, sobre produtos primários e semielaborados, como minério de ferro, petróleo e alimentos, por exemplo.

Isso será possível desde que os estados tenham fundos de investimentos em infraestrutura e habitação em vigor a partir de 30 de abril de 2023 ou quando o aporte de recursos nesses fundos seja uma condição para que as empresas contem com benefícios fiscais na cobrança do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços).

Segundo levantamento e reportagem publicada pelo  g1, com base em informações fornecidas pelas secretarias estaduais, ao menos sete estados têm fundos em vigor conforme as regras aprovadas pela Câmara e poderão criar a nova taxa.

O governo tenta reverter algumas exceções incluídas pela Câmara no texto da reforma. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o Senado pode deixar o texto “mais redondo, sem tantas exceções”.

Emenda na reforma tributária atingiria os 10 maiores produtores agropecuários do país, de acordo com dados do Ministério da Agricultura

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Crédito: Freepik

Desses estados, três integram a lista dos 10 maiores produtores agropecuários do país, de acordo com dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). São eles: Mato Grosso, que responde por 16,6% do valor bruto de toda a produção brasileira até maio de 2023; Goiás, com 8,3% de participação; e Santa Catarina, com 4,1%.

No Mato Grosso, o governo criou o Fundo Estadual de Transporte e Habitação em 2000. O estado cobra alíquotas variadas sobre os seguintes produtos: algodão, gado, soja e madeira. Os recursos são usados para aplicação em obras de infraestrutura rodoviária.

Já em Goiás, as contribuições incidem sobre cana-de-açúcar, milho, soja, carne, gado e alguns minerais. As alíquotas são diferenciadas por produto, mas não podem ser superiores a 1,65%. Os recursos compõem o Fundo Estadual de Infraestrutura, criado em dezembro de 2022.

Em Santa Catarina, o Fundo Estadual de Promoção Social e Erradicação da Pobreza permite a aplicação de recursos em obras de infraestrutura e habitação. As empresas que contam com incentivo fiscal devem recolher 2,5% do valor mensal correspondente aos descontos na cobrança do imposto estadual.

Além dos três, outros estados têm fundos de infraestrutura e habitação e também poderão criar um novo imposto: Alagoas (Fundo de Combate à Pobreza, com previsão de aplicação de recursos em habitação e saneamento básico); Maranhão (Fundo Estadual para Rodovias); Piauí (Fundo de Desenvolvimento da Infraestrutura Logística) e Rondônia (Fundo para Infraestrutura de Transporte e Habitação).

Outros estados têm fundos específicos para equilíbrio fiscal e desenvolvimento, mas não se enquadrariam nas regras estabelecidas pela Câmara. No total, pelo menos 17 unidades da federação têm algum tipo de fundo.

Especialistas consultados afirmam que a nova taxa pode elevar o custo e causar uma migração de novos investimentos do agronegócio para outras regiões produtivas. No entanto, explica que mover a atual cadeia produtiva dos estados seria difícil, o que deve levar a um maior custo de produção para os negócios já instalados. Com os preços dos produtos agropecuários mais altos, é possível que a indústria opte por comprar de outras regiões produtoras.

Redação ICL Economia
Com informações do G1 e das agências de notícias

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