O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu ontem (27) pela primeira vez desde sua posse com o presidente do BC (Banco Central), Roberto Campos Neto. Uma das decisões tomadas no encontro é que ambos se encontrarão com mais frequência a partir de agora, conforme informou o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que também participou da reunião de ontem.
Segundo Haddad, o encontro de Lula e Campos Neto teve o propósito de fazer com que os dois construam uma relação. “Eu penso que foi um encontro, assim, institucional. De construção de relação, de pactuação em torno de conversas periódicas, foi excelente. [Vão ter novas conversas?] Vão ter”, disse Haddad a jornalistas depois da reunião.
Lula e Campos Neto só haviam se encontrado anteriormente no período de transição de governo, no fim do ano passado.
Desde que assumiu a presidência, Lula tem sido um crítico bastante contundente da condução da política monetária por Campos Neto. Mas, nos últimos tempos, as críticas vinham diminuindo, à medida que o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central começou a diminuir a taxa básica de juros (Selic), em agosto.
“Nós não conversamos sobre tópicos especiais, específicos. Presidente deixou claro o respeito que tem pela instituição [BC], a reciprocidade foi muito boa da parte do Roberto. Foi uma conversa realmente muito de alto nível”, declarou o ministro.
Campos Neto foi nomeado presidente do BC no governo de Jair Bolsonaro (PL), em abril de 2021, em um momento em que já havia sido instituída a autonomia da autarquia. Ele e oito diretores nomeados naquela época têm mandatos de 4 anos, que terminam em 31 de dezembro de 2024. Ele poderá ser reconduzido por mais 4 anos, mas disse ser contrário.
Presidente do BC foi criticado 113 vezes ao longo do governo Lula
De acordo com levantamento do site Poder360, o presidente do BC foi o principal alvo de críticas de Lula e aliados do governo em 2023. De janeiro a setembro, Campos Neto já foi criticado 113 vezes. Só em agosto e setembro foram 6.
Lula já falou, por exemplo, em rever a autonomia do BC e disse que Campos Neto “joga contra a economia”, já que, mesmo com indicadores mostrando melhora da situação, o presidente do BC durante muito tempo permaneceu irredutível, mantendo a taxa básica de juros e impedindo o crescimento econômico.
Conforme informações da Secretaria de Comunicação do governo, a iniciativa do encontro de ontem teria partido de Campos Neto. Haddad atuou como um “meio de campo”.
Ontem, o ministro da Fazenda disse que não precisou trabalhar para fazer com que Lula e Campos Neto se encontrassem, mas que “ajuda no que pode”.
Desde agosto, o Copom promoveu dois cortes de 0,50 ponto percentual cada na taxa Selic, que agora está em 12,75% ao ano. O último corte ocorreu em 20 de setembro.
O mercado financeiro aposta que a taxa básica termine o ano em 11,75% ao ano, o que significa uma redução de 1 ponto percentual. O colegiado terá mais duas reuniões em 2023.
Na última terça-feira (26), o Copom divulgou a ata da última reunião, na qual indica que os cortes sequenciais de 0,5 ponto percentual da Selic nas próximas reuniões representa um “ritmo apropriado” para a desinflação do país. A autoridade monetária descartou aumento no ritmo de corte da taxa.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do Poder360