O dólar comercial opera na manhã desta sexta-feira (25) em queda que chegou a ser de cerca de 1%, negociado a R$ 4,785 na compra e a R$ 4,786 na venda, nas mínimas desde março de 2020, após ter fechado a sessão da véspera a R$ 4,83. Em 2022, a queda acumulada da divisa americana é de 12,5%.
Depois de chegar a R$ 5,797 no ano passado, a moeda teve cotação mínima na última quarta-feira (24/03) de R$ 4,76. Em entrevista à Rádio Brasil Atual, George Romano, professor de Relações Internacionais e Economia da UFABC, explicou que de, uma forma inédita, o real está sendo valorizado frente ao dólar pelo capital financeiro mesmo diante de uma crise internacional – provocada pela guerra no leste europeu – e do aumento da taxa básica de juros nos Estados Unidos pelo Federal Reserve (FED).
Segundo o economista, a moeda norte-americana não está caindo em outros países como, por exemplo, no Japão e também na Europa. Ele destaca que quando o mundo vive uma crise é esperado que o capital financeiro retire seus investimentos de países estrangeiros, que é o caso do Brasil, o que provocaria uma queda do real. Entretanto, os investidores não entraram em pânico com o conflito na Ucrânia e buscaram oportunidades fora da Rússia por conta das sanções e da China devido às incertezas do mercado.
“Os preços das commodities que o Brasil exporta como o minério de ferro, alimentação e, sobretudo, o petróleo são extraordinários. São preços altos que vão ficar por um bom tempo, mesmo com um acordo de paz entre Rússia e Ucrânia. O mercado deixou o pânico de lado e está buscando as oportunidades que a guerra pode oferecer em termos de lucro. O Banco Central também elevou a Selic e isso neutraliza a alta dos juros nos Estados Unidos. No momento, o Brasil está sendo um bom negócio para o sistema financeiro. E é por essa razão que o real está mais forte”, ressalta o especialista.
Embora o Brasil viva uma valorização do real sobre o dólar, Romano pontua que os dados positivos não melhoram a qualidade de vida do povo brasileiro que sofre com uma inflação recorde e desemprego nas alturas. “Sem dúvidas é um alívio ter o capital estrangeiro por aqui. Se ele fosse embora, isso geraria uma maior pressão inflacionária e quem pagaria a conta como sempre é o trabalhador. Mas a vida da população brasileira não melhora porque o governo atual não quer, não tem interesse. A política em curso é a do capital financeiro vir lucrar no Brasil”.
Redação ICL Economia