Funcionários dos Estados Unidos e da China discutiram as sanções econômicas e tarifas de importação americanas nesta terça-feira (5). Há relatos de que o governo Biden está prestes a reverter algumas das barreiras comerciais impostas pelo ex-presidente Donald Trump.
Durante vídeo-chamada, na manhã desta terça-feira, horário de Pequim, o vice-premiê Liu He conversou com a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen. De acordo com a declaração do Ministério do Comércio da China, a eliminação de tarifas e sanções e o tratamento justo das empresas chinesas são áreas que preocupam o país asiático.
Segundo a China, os dois lados discutiram política econômica, barreiras comerciais e a estabilização das cadeias de suprimentos globais e concordaram que é significativo que os EUA e a China fortaleçam a comunicação e a coordenação nessas áreas para o benefício de ambos os países e do resto do mundo. As conversas foram pragmáticas e construtivas, segundo o comunicado.
Da parte dos Estados Unidos, segundo comunicado oficial da reunião, a conversa sobre barreiras comerciais foi “franca e significativa”, mas não houve menção de tarifas ou sanções.
Pelo comunicado, Yellen “abordou francamente questões preocupantes como o impacto da guerra da Rússia contra a Ucrânia na economia global e práticas econômicas injustas e não comerciais” da China.
A conversa sobre as barreiras comerciais segue relatos de que o presidente Joe Biden pode anunciar uma reversão de algumas tarifas sobre centenas de bilhões de dólares em produtos chineses, ainda nesta semana, para reduzir os custos de mercadorias do dia a dia.
Falta consenso entre integrantes do governo norte-americano em relação à suspensão das barreiras comerciais impostas pelo Estados Unidos à China
Membros seniores do governo, porém, parecem divididos sobre a necessidade de suspender tarifas. No mês passado, Yellen disse que o governo quer reconfigurar as tarifas, que “realmente não foram projetadas para servir aos nossos interesses estratégicos”. Já a representante comercial dos EUA, Katherine Tai, tem dito que as tarifas dão uma vantagem aos EUA em negociações com a China e questionou o quanto removê-las aliviaria a inflação.
Desde que Biden assumiu o cargo, em janeiro de 2021, seu governo não realizou nenhuma conversa sobre barreiras comerciais significativa com a China e não garantiu mais concessões comerciais. Até agora, a política econômica dos EUA na Ásia concentrou-se em iniciar um novo acordo comercial com aliados na região, que ainda está em seus estágios iniciais.
O primeiro-ministro chinês, Li Keqiang, tem afirmado que a economia da China apresenta realidade mais desafiadora do que a passada no início da pandemia, em 2020. A segunda maior economia do mundo passa, hoje, por impactos econômicos em função do rígido controle da Covid-19, ainda em andamento. Segundo a imprensa estatal, o premiê afirmou que, desde março, indicadores de indústria, consumo de eletricidade e transporte “caíram significativamente”. A redução das barreiras internacionais aos produtos chineses pode ser interessante ao país asiático.
Durante reunião do governo, Li Keqiang ressaltou que as autoridades devem trabalhar para “estabilizar” a atividade com objetivo de assegurar um “crescimento razoável” no segundo trimestre e reduzir a taxa de desemprego.
Pode demorar mais até que a atividade econômica se recupere de interrupções abruptas causadas pelos lockdowns, e a incerteza da estratégia Covid Zero tornou as empresas relutantes em investir e os consumidores relutantes em gastar. A confiança do pequeno empresário caiu novamente em maio, registrando a pior marca desde os primeiros meses da pandemia. Analistas questionam se o país conseguirá alcançar a meta de crescimento de “cerca de 5,5%” do Produto Interno Bruto (PIB) este ano estabelecida pelo governo.
Por outro lado, os Estados Unidos enfrentam a inflação mais elevada em 40 anos e o governo busca formas de aliviar a pressão sobre os preços. Uma das opções seria exatamente a suspensão das barreiras comerciais com a China.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias