Expectativa de inflação em 2022 aumenta de 6,5% para 7,9%, segundo Ministério da Economia

Para 2023, a expectativa de inflação do Ministério da Economia subiu de 3,25% para 3,60%. A percepção de piora do cenário inflacionário se difunde entre analistas
19 de maio de 2022

O Ministério da Economia elevou a expectativa de inflação deste ano de 6,55% para 7,9% e manteve a projeção para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) para 2022 em 1,5%. As projeções foram divulgadas nesta quinta-feira (19) no Boletim Macrofiscal, atualizado bimestralmente pela SPE (Secretaria de Política Econômica).

A taxa prevista de 7,9% para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) supera a meta a ser perseguida pelo Banco Central. O valor fixado pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) para este ano é de 3,5%  – com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos.

Os valores do governo para inflação estão em linha com os números esperados pelo mercado. Mas o boletim Focus, que traz previsões feitas por analistas e reunidas pelo BC, está defasado. Devido à greve dos servidores da autarquia, a última pesquisa foi divulgada no dia 2 de maio. Nela, os economistas estimaram que o IPCA deve avançar 7,89% neste ano e 4,10% em 2023.

Para o próximo ano, a expectativa de inflação do Ministério da Economia subiu de 3,25% para 3,60%. A percepção de piora do cenário inflacionário tem se difundido entre os analistas do mercado financeiro.

O BC já admite alta probabilidade de novo estouro da meta de inflação. Se a projeção se confirmar, o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, deverá escrever uma nova carta ao ministro da Economia explicando as razões para o descumprimento do objetivo pelo segundo ano consecutivo. A inflação fechou 2021 em 10,06%.

A estimativa da pasta para o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) subiu de 6,7% para 8,1%. Esse índice é usado na correção do piso nacional do salário mínimo e de outros benefícios sociais. Sobre essa base de cálculo, o salário mínimo que hoje é de R$ 1.212 tende a ser corrigido em 2023 para R$ 1.310, caso não haja ganho real.

Já a projeção da SPE para o IGP-DI (Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna) saltou de 10,01% para 11,40%. Esse índice tem uma abrangência maior para medir a alta dos preços, pois engloba também o setor atacadista e a construção civil.

Expectativa de inflação mais alta pode elevar taxa de juro

Como resposta à inflação em alta, a escalada dos juros no Brasil já completa mais de um ano no Brasil. No dia 4 de maio, o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC elevou a taxa básica de juros (Selic) em 1 ponto percentual, passando de 11,75% para 12,75% ao ano. Para a próxima reunião, em junho, sinalizou uma provável alta adicional de juros de menor magnitude. Isso significa que o ciclo de aperto monetário ainda não terminou.

O aumento da Selic é um dos fatores que ajuda a frear a atividade econômica do país. Mas, apesar da inflação galopante e de uma política monetária em níveis restritivos, houve estabilidade na conta do governo para a expansão econômica em 2022.

Dada a defasagem da política monetária, os efeitos sobre a economia devem ser sentidos com mais força no próximo ano.

Governo aposta no setor de serviços para melhora no desempenho do PIB

Segundo consta no relatório, a melhora no desempenho do PIB brasileiro tem ocorrido pela retomada no setor de serviços e ampliação dos investimentos. De acordo com o último Focus divulgado, em abril, os economistas esperavam avanço do PIB em 0,7% neste ano, bem diferente do 1,5% projetado pelo Ministério da Economia.

De 2023 em diante, as estimativas do governo para o PIB permaneceram em 2,5%. De acordo com o boletim, as projeções de crescimento para 2022 e 2023 fundamentam-se em dados positivos do mercado de trabalho e em aumento de projetos do investimento privado nos próximos anos em decorrência de privatizações e concessões.

Mas pondera que existem riscos a serem monitorados, como a guerra na Ucrânia e seus impactos na economia brasileira e no crescimento global. Entre os efeitos, cita “possíveis quebras de cadeias globais de valor afetando a oferta, deterioração das condições financeiras e efeitos do conflito sobre o comércio internacional e o balanço de pagamentos do Brasil. Além disso, riscos de eventuais efeitos remanescentes da pandemia sobre crescimento econômico e inflação continuam sendo avaliados.”

As projeções do Ministério da Economia novamente são mais otimistas do que as do mercado. O ministro Paulo Guedes, inclusive, tem criticado o “pessimismo” de analistas. Hoje, Guedes, em um evento em São Paulo, afirmou que o “inferno” da inflação passou. Horas depois ele divulgou o boletim com aumento da expectativa de inflação.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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