Fazenda anuncia pacote de medidas para incentivar mercado de crédito e projetos no âmbito das PPPs

Dentre as medidas, está uma que altera o Decreto 1.150/2022, que trata do "mínimo existencial" que uma pessoa precisa para pagar suas despesas básicas, o que não inclui dívidas
20 de abril de 2023

O Ministério da Fazenda anunciou, nesta quinta-feira (20), um pacote de medidas para estimular o mercado de crédito e incentivar investimentos em PPPs (Parcerias Público-Privadas) em estados e municípios. Ao todo, são divulgadas 13 ações.

Três medidas estão relacionadas a projetos de lei já em tramitação no Congresso Nacional, que passam a receber agora o apoio formal do governo; seis medidas serão viabilizadas com novos projetos de lei a serem enviados pelo governo ao Congresso; quatro medidas dependem de alterações de decretos ou portarias, ou seja, não vão precisar do aval dos parlamentares.

Dentre as medidas, está uma que altera o Decreto 1.150/2022, que trata do “mínimo existencial” que uma pessoa precisa para pagar suas despesas básicas, o que não inclui dívidas. O governo que elevar o valor dos atuais R$ 303 para R$ 600, por entender que houve aumento da inadimplência e do endividamento da população no último ano, especialmente nas famílias de baixa renda, com a redução do mínimo existencial, fixado em 25% do salário mínimo. Por isso, o governo pretende aumentar o valor para proteção do consumidor e, consequentemente, do mercado de crédito.

Entre as ações para estimular o mercado de crédito, segundo reportagem do site G1, está a elaboração de um projeto de lei para permitir que recursos de planos de previdência complementar aberta, seguros de pessoas e títulos de capitalização possam ser usados como garantia em empréstimos bancários.

Depois de entregar o projeto do novo arcabouço fiscal ao governo, agora a equipe da Fazenda foca no pacote de estímulos à economia, como o novo marco para as PPPs, cujo potencial para gerar cerca de R$ 100 bilhões em investimentos.

Recentemente, o secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, disse que, para destravar os investimentos em estados e municípios, a União deve entrar como uma espécie de fiadora das operações de crédito, cobrindo eventuais calotes de governadores e prefeitos. Esse dinheiro seria recuperado posteriormente, por meio de desconto das transferências dos fundos de participação.

Esse modelo é parecido com as operações de crédito feitas por estados e municípios que contam com o Tesouro Nacional como avalista, porém a medida ainda não havia sido estendida às PPPs.

Essa medida não precisa de aval do Congresso. Bancos públicos e privados e instituições financeiras multilaterais já sinalizaram interesse em disponibilizar linhas nesse formato, segundo informações do governo.

Ainda na linha das medidas para incentivar o financiamento de projetos de infraestrutura, o governo deve anunciar hoje a alteração de um decreto de 2016 que trata das debêntures incentivadas. Com isso, pretende ampliar as possibilidades de emissão desses títulos emitidos por empresas e negociados no mercado de capitais, que contam com uma tributação reduzida de Imposto de Renda.

A ideia central com essa alteração é permitir que projetos de outros setores estejam aptos a serem financiados por meio dessas debêntures, principalmente aqueles voltados às áreas da educação, saúde, segurança pública e sistema prisional, parques urbanos e unidades de conservação, equipamentos culturais e esportivos, habitação social e requalificação urbana.

Em relação às pessoas físicas, o governo pretende apoiar um projeto em tramitação no Congresso, assinado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que permite o uso de um mesmo imóvel como garantia em mais de uma operação de crédito. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) acredita que o projeto pode ampliar o acesso ao crédito e redução de taxas de juros.

Pacote de medidas também prevê desburocratização e simplificação do crédito e facilitar a entrada de novas instituições financeiras no mercado

Uma das medidas anunciadas pretende desburocratizar e simplificar o mercado de crédito. Por meio de um projeto de lei, o governo quer simplificar a emissão de debêntures em geral, propondo a redução de exigências burocráticas para a concessão de crédito, como a apresentação de determinadas certidões. O excesso de exigências, segundo a Fazenda, dificulta e encarece o acesso ao crédito no país.

Dentro dessa linha de desburocratização e simplificação, também está a edição de uma portaria, pela Receita Federal, que simplifica o compartilhamento de dados fiscais, por parte de pessoas e empresas, com instituições financeiras. A ideia, aqui, é baratear o crédito, principalmente para pequenos e médios empreendedores.

Outro projeto de lei complementar a ser enviado ao Congresso deve flexibilizar o processo de autorização, por parte do Banco Central, para o funcionamento de novas instituições financeiras no país. O governo entende que as regras atuais dificultam a entrada de concorrentes menores, além do prazo longo de espera para uma instituição obter a autorização do BC.

Nesse mesmo projeto o governo deve “esclarecer” a competência do BC para o lançamento do real digital, moeda digital oficial do país. O presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, já havia dito neste ano que não seria necessária uma nova regulamentação para a criação da moeda.

Em outro projeto de lei complementar, o governo quer ampliar o leque de atuação de cooperativas de seguros, que atualmente trabalham somente com seguro rural, de saúde e de acidentes de trabalho. Com o projeto, o objetivo é permitir que possam oferecer outras modalidades de seguros, como de automóveis, bicicletas, celulares, tablets, notebooks.

Outra iniciativa é apoiar o projeto de “regime de resolução bancária” (PLP 281/2019) que tramita no Congresso. A equipe econômica avalia que a legislação atual que trata sobre liquidações (fechamento) e intervenções em instituições do sistema bancário está desatualizada e, por isso, quer propor melhorias nas regras atuais e incluir novas normas para permitir que o BC tenha uma atuação mais efetiva para intervir em instituições em crise.

Por fim, o governo quer apresentar um projeto de lei para melhorar os mecanismos de proteção aos investidores minoritários, aprimorando regras contra eventuais prejuízos causados por acionistas controladores (que detêm o controle de uma empresa). A ideia, aqui, é permitir que esses investidores tenham mais ferramentas para entrar na Justiça contra controladores que causaram prejuízo ao negócio.

Confira a lista de 13 medidas

  1. Aval da União às PPPs de estados e municípios
  2. Debêntures incentivadas
  3. Novo Marco das Garantias
  4. Garantia com recursos previdenciários
  5. Simplificação e desburocratização do crédito
  6. Acesso a dados fiscais
  7. Autorização de bancos e moeda digital
  8. Regime de Resolução Bancária
  9. Superendividamento
  10. Proteção a investidores no mercado de capitais
  11. Infraestruturas do mercado financeiro
  12. Ampliação das cooperativas de seguros
  13. Marco legal do seguro privado

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e do G1

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