Com inflação persistente, Federal Reserve mantém taxa de juros inalterada pela 6ª vez

O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que “a inflação ainda está muito alta” e que "progressos adicionais para derrubá-la não estão garantidos e o caminho a seguir é incerto".
2 de maio de 2024

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) anunciou ontem (1/5), pela sexta vez consecutiva, a manutenção das taxas de juros do país, em uma faixa de 5,25% a 5,50% ao ano. A decisão foi unânime. Esse continua sendo o maior nível das taxas em 23 anos.

O ciclo de aperto monetário começou em março de 2022. A medida já era esperada pelo mercado e veio após o Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) ter mantido o mesmo referencial na última reunião, em março passado.

A diferença desta vez é que o Fed sinalizou, no comunicado divulgado com a decisão, uma preocupação com a falta de avanço do processo de desinflação dos EUA.

Ao publicar a decisão, o colegiado voltou a afirmar que não considera apropriado reduzir o intervalo de juros até que tenha “maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%”, a meta do Fed.

O PCE, indicador de preços de consumo pessoal usado pelo Fed para definir as taxas de juros, foi a 2,7% em março em relação ao mesmo mês do ano passado.

No chamado núcleo do PCE, que exclui gastos com comida e energia, o índice foi de 2,8%, mesmo número de fevereiro. A alta de preços foi puxada principalmente pelo encarecimento dos serviços.

A autoridade monetária norte-americana ainda indicou que o patamar de juros dos EUA não foi suficiente para construir uma confiança na queda inflacionária nos primeiros meses de 2024.

Também voltou a dizer que está “preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado caso surjam riscos que possam impedir o alcance de seus objetivos”.

Sobre o mercado de trabalho, o comitê reafirmou que “os ganhos no emprego permaneceram fortes e a taxa de desemprego permaneceu baixa”.

Segundo o FedWatch, 41,2% do investidores acreditam que os juros terminarão o ano em 5,25%, apenas 0,25 pp abaixo do nível atual. Outros 25,7% falam em juros a 5% em dezembro. No início do ano, o consenso do mercado era de 3 a 4 cortes de 0,25% ao longo do ano.

Os juros elevados nos Estados Unidos impactam para cima a rentabilidade das Treasuries (títulos públicos norte-americanos), considerados os mais seguros do mundo.

Esse movimento faz com que investidores retirem recursos de países emergentes, como o Brasil, em busca de segurança e boa remuneração.

De janeiro até 17 de abril deste ano, os investidores estrangeiros retiraram o equivalente a R$ 29,4 bilhões da B3, a Bolsa brasileira. O saldo neste mês está negativo em R$ 7,55 bilhões.

Presidente do Federal Reserve diz que redução dos juros deve levar mais tempo para ocorrer

Após o anúncio da decisão, o presidente do Fed, Jerome Powell, disse que provavelmente levará mais tempo do que o esperado anteriormente para que as autoridades do Fed ganhem a confiança necessária para iniciarem os cortes nas taxas de juros.

“A inflação ainda está muito alta”, disse Powell. “Progressos adicionais para derrubá-la não estão garantidos e o caminho a seguir é incerto. É provável que ganhar maior confiança demore mais do que o esperado anteriormente.”

Contudo, o chairman disse ser “improvável” que haja um aumento na taxa básica de juros dos EUA na próxima decisão. Segundo ele, o foco do BC norte-americano tem sido manter sua atual postura restritiva.

“Acho improvável que o próximo movimento seja uma elevação da taxa”, disse Powell, após ser questionado sobre os riscos de que os juros precisem ser elevados para reduzir a inflação do país.

O mercado viu o discurso dele menos duro desta vez, mesmo com uma série de dados negativos de inflação nos últimos meses.

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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