Famílias pretendem usar dinheiro do FGTS para quitar dívidas

Maior parte dos R$ 30 bilhões liberados pelo FGTS deve ser usada para quitar dívidas antigas e não para reforçar o consumo das famílias
9 de maio de 2022

A Secretaria de Política Econômica (SPE), do Ministério da Economia, acredita que a maior parte dos R$ 30 bilhões liberados para saques extraordinários do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) será usada, principalmente, para quitar dívidas antigas e não para reforçar o consumo das famílias.
 
Com base nos resultados da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a SPE publicou um estudo com estimativas de uma redução entre 10% a 13% no número de famílias endividadas a partir dos saques de até R$ 1.000 do FGTS.
 
O órgão realizou o estudo apenas para a Região Metropolitana de São Paulo, estimando que 100 mil famílias pagarão suas contas em atraso, em um universo de 900 mil famílias inadimplentes na Grande São Paulo.
 
A SPE não apresentou valores para as dívidas que seriam potencialmente pagas com os recursos do FGTS e nem replicou o estudo para o total de famílias endividadas no Brasil.
 
Segundo levantamento feito pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o número de brasileiros endividados bateu novo recorde em abril. Do total de famílias no Brasil, 77,7% delas fecharam abril alguma dívida, contra 77,5% em março. Na comparação com abril do ano passado, quando a parcela de endividados correspondia a 67,5% do total, o salto foi de 10,2 pontos percentuais.
 
Carnês de lojas (18,2%) e o financiamento automotivo (11,2%) foram os outros principais destaques nas participações no endividamento. Na sequência, aparece o crédito pessoal (9,4%) e ao financiamento de casa (8,3%). 
 
A proporção de famílias com contas ou dívidas em atraso aumentou principalmente entre os mais pobres em função do orçamento mais apertado, com alta da inflação e desemprego. O uso do cartão de crédito passou a ser um dos vilões do endividamento por ser a modalidade de dívida mais rápida para o consumo de curto prazo.

Dados do Banco Central, divulgados na semana passada, mostram que o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro fechou 2021 em 52,6%, novo recorde da série histórica, após 43,9% em 2020. Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 33,0% em 2021, ante 26,9% do ano anterior.
 
Já o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) terminou 2021 em 27,9%, ante 23,7% em 2020. Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 25,6% no ano passado, ante 21,5% no ano anterior.

Com FGTS sendo usado para quitar dívidas, recurso não será injetado na economia, como queria o governo

Em 18 de março, o governo publicou a Medida Provisória 1.055, que liberou os saques extraordinários de até R$ 1.000 conforme um cronograma por mês de nascimento. Os recursos começaram a ser disponibilizados no dia 20 de abril para os nascidos em janeiro e, na quarta-feira (4), começaram os saques para os nascidos em março.
 
Cerca de 42 milhões de trabalhadores têm contas ativas no FGTS. Deste total, 49,1% têm saldo até R$ 1.200; 28,3% até R$ 5.000; 17,0% até R$ 20.000; e 5,6% acima de R$ 20.000.
 
A liberação dos R$ 30 bilhões não significa a injeção de recursos novos na economia. Tanto que a SPE não apresentou nenhuma avaliação de efeito sobre a demanda ou impacto sobre o Produto Interno Bruto (PIB) deste ano.
 

Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias

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