Estudo do FGV Ibre mapeia as armadilhas do 1º emprego para jovens brasileiros

Desafio de uma inserção virtuosa no mercado de trabalho é maior onde a população brasileira é mais jovem, nas regiões Norte e Nordeste.
24 de julho de 2024

Estudo realizado pelos pesquisadores Janaína Feijó e Paulo Peruchetti, do FGV IBRE, publicado no Boletim Macro de julho, joga luzes a uma particular fração do mercado de trabalho: a dos jovens, identificando os desafios que esse grupo têm de superar no início de sua trajetória profissional.

É fácil imaginar que, quanto mais nova, mais dificuldade uma pessoa tem em se inserir no mercado de trabalho, já que em geral se trata de alguém com menos experiência e escolaridade. Levantamento de Feijó e Peruchetti com base em microdados do primeiro trimestre de 2024 da PNAD Contínua, do IBGE, indica que nesse período metade dos jovens entre 18 e 24 anos se concentravam em apenas 20 ocupações, consideradas de pouca complexidade, alta informalidade e baixos salários. Entre as dez ocupações com maior concentração de jovens – que incluem empregos como de balconistas, vendedores, escriturários e caixas – essa participação chega a 32,7%. Como ainda estão em uma fase de acúmulo de experiência, e precisam de uma primeira oportunidade, esse caminho é até justificável, apontam os pesquisadores.

O problema, entretanto, é a armadilha que esse primeiro emprego pode significar para os jovens que não perseveram em sua formação em busca de posições de maior qualificação. “Quando se é um jovem em busca do primeiro emprego, em geral morando com os pais, mesmo salários baixos parecem bastante dinheiro, já que seus gastos fixos são menores”, lembra Feijó. O rendimento médio dos jovens de 18 a 24 anos no primeiro trimestre variou de R$ 1.203 na região Nordeste a R$ 2.090 no Sul. Com o aumento das responsabilidades, entretanto, e sem essa preocupação em evoluir continuadamente em conhecimento adquirido, esse jovem poderá perder um precioso tempo nessa linha evolutiva laboral.

Em sua artigo do Boletim Macro, Feijó e Peruchetti destacam o módulo de Educação da PNAD Contínua divulgado recentemente pelo IBGE que analisa a condição de estudo e ocupação das pessoas entre 15 e 29 anos no Brasil. Em 2023, estas somavam 48,5 milhões, das quais apenas 15,3% estavam ocupadas e estudando; 39,4% estavam ocupadas, mas não estudavam; 25,5% estudavam, mas não estavam ocupadas; e 19,8% nãos estavam ocupadas, nem estudando. Outro dado do IBGE destacado por Feijó é que, entre as mulheres, o grupo das que não estavam ocupadas, nem estudando é maior: 25,6% do total, contra 14,2% dos homens, reforçando a preocupação que motiva parte de seus estudos: a desigualdade de gênero no mercado de trabalho.

“No geral, este cenário mostra o quão importante é pensarmos em estratégias que ajudem os jovens a acumularem as habilidades e os conhecimentos demandados pelas vagas de emprego”, afirma Peruchetti, destacando que “isso permitirá que a inserção dos jovens no mercado de trabalho ocorra de forma mais efetiva e duradoura”.

Estudo mostra que inserção do jovem nas regiões Norte e Nordeste é menor

Outro ponto importante destacado no levantamento é que o desafio de uma inserção virtuosa no mercado de trabalho é maior onde a população brasileira é mais jovem, nas regiões Norte e Nordeste. Essas regiões registram as menores taxas de participação de jovens entre 15 e 29 anos – 54% no Nordeste e 55,1% no Norte, contra 72,8% no Sul, percentual mais alto. Também, as maiores taxas de desemprego no primeiro trimestre deste ano: 19,7% no Nordeste; 14,2% no Norte; 13,7% no Sudeste; 11,2% noCentro-Oeste e 9% no Sul. O mesmo acontece com a taxa de informalidade. Tomando a faixa entre 18 e 24 anos, ela chega a 59,5% no Nordeste e 56,6% no Norte, conta 28,5% no Sul, menor nível entre as regiões.

Saiba mais informações clicando aqui.

Do site FGV Ibre

 

 

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