O FMI (Fundo Monetário Internacional) elevou de 2% para 2,5% ao ano a previsão de crescimento de médio prazo para a economia brasileira. A estimativa consta do relatório anual do organismo sobre o Brasil, divulgado ontem (11).
Em maio, o FMI tinha emitido comunicado preliminar informando que elevaria a projeção de médio prazo para o crescimento do PIB (soma das riquezas produzidas) do país. Na ocasião, técnicos do organismo visitaram o Brasil entre 15 e 27 daquele mês para fazer uma avaliação da economia brasileira.
No documento, o fundo diz que a melhora da projeção de expansão de médio prazo se deve aos ganhos de eficiência com a reforma tributária e ao aumento da produção de petróleo. A versão final corrobora a elevação da estimativa de crescimento potencial publicada em 28 de maio, no comunicado que informava a conclusão da missão do FMI ao Brasil.
Os representantes do órgão “expressaram satisfação” com a reforma tributária e ressaltaram que a mudança deve impulsionar a produtividade, gerar empregos formais e melhorar a equidade tributária.
O aumento de 0,5 ponto no crescimento potencial de médio prazo também reflete as questões relacionadas à transição energética. “O investimento em oportunidades de crescimento verde pode elevar ainda mais o potencial econômico”, diz o fundo. Além disso, o órgão prevê que a inflação volte para a meta de 3% no primeiro semestre de 2026.
O documento reconhece ainda a resiliência demonstrada pela economia brasileira nos últimos dois anos, período no qual a inflação recuou para o intervalo de tolerância da meta do Banco Central e o crescimento real do PIB, de 2,9% em 2023, “foi consideravelmente superior ao projetado no início do ano”.
Na visão do organismo internacional, o crescimento econômico mais forte ocorreu “graças aos níveis recordes da colheita agrícola e da produção de hidrocarbonetos e à resiliência do setor de serviços”. Segundo o fundo, “o consumo foi vigoroso, em meio a um mercado de trabalho forte e a um estímulo fiscal significativo”.
FMI recomenda esforço fiscal para reduzir relação dívida-PIB
Por outro lado, o relatório recomenda esforço fiscal sustentado e mais ambicioso para reduzir a dívida como proporção do PIB, mas “os diretores [do FMI] louvaram o compromisso das autoridades de continuar melhorando a situação fiscal com base em medidas dos lados da receita e da despesa”.
O organismo, porém, entende ser necessária uma consolidação fiscal mais “ambiciosa”. Segundo o relatório, “muitos diretores incentivaram as autoridades a buscar um esforço fiscal sustentado e mais ambicioso que posicionasse a dívida pública em uma trajetória firmemente descendente e abrisse espaço para investimentos prioritários”.
Para os diretores executivos do órgão, “um quadro fiscal reforçado, com uma forte âncora fiscal de médio prazo, fortaleceria a credibilidade e a sustentabilidade”, e cita também a necessidade de se ampliar a base tributária, racionalizar gastos tributários ineficientes, combater a rigidez orçamentária e aumentar a eficiência dos programas sociais.
Relatório projeta desaceleração do PIB em 2024
O documento também revisou de 2,2% para 2,1% a projeção de crescimento da economia brasileira em 2024. Os técnicos indicaram ver efeitos da política monetária ainda restritiva e da calamidade das enchentes no Rio Grande do Sul.
“Espera-se que o crescimento do PIB se modere em 2024 [no Brasil], refletindo uma política monetária ainda restritiva, um menor déficit fiscal, a calamidade das inundações no Rio Grande do Sul e a normalização da produção agrícola”, indicou o FMI em seu relatório periódico sobre a economia do país, conhecido como Artigo IV.
O FMI ainda aponta riscos ao crescimento devido a rupturas nas cadeias de fornecimento decorrentes da calamidade das enchentes deste ano, que podem ser mais graves do que o previsto.
Por outro lado, o avanço da atividade ganha sustentação na redução do déficit fiscal e na normalização da produção agrícola.
Os técnicos ainda ressaltam questões, no exterior, como possíveis falhas na calibragem da política monetária nas principais economias, volatilidade dos preços das commodities e instabilidade financeira mundial.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias