O vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, defendeu ontem (24), em reunião de ministros de Comércio do G20, que as nações mais ricas enviem apoio financeiro às nações em desenvolvimento para o enfrentamento das mudanças climáticas.
Ele discursou na abertura da reunião de Ministros de Comércio e Investimento do G20 (fórum que reúne as 19 maiores economias do mundo, mais União Europeia e União Africana), realizada em Brasília.
“É fundamental que as economias mais avançadas colaborem com apoio técnico e financeiro para que países em desenvolvimento possam acompanhar as transições que os tempos atuais exigem, sobretudo para a inclusão social e o enfrentamento para emergência climática”, afirmou.
Alckmin reforçou que os acordos de investimento devem estar alinhados com os princípios do desenvolvimento sustentável. Para o ministro, a eliminação de barreiras unilaterais no comércio são medidas prioritárias que, quando adotadas, permitirão que o comércio e os investimentos sejam motores do desenvolvimento sustentável.
Ontem, os ministros aprovaram os Princípios do G20 sobre Comércio e Desenvolvimento Sustentável, um marco que orientará os países na formulação de medidas nacionais voltadas para a promoção do desenvolvimento sustentável com impacto direto no comércio internacional.
O documento, resultado de intensas negociações conduzidas pela presidência brasileira do G20, reforça o compromisso das principais economias mundiais em usar o comércio como uma ferramenta para o progresso econômico e social global.
“Nós, Ministros de Comércio do G20 e convidados, representamos quase 90% do PIB mundial e 80% do comércio global. Isso nos confere uma responsabilidade incontornável de liderar pelo exemplo, e hoje, com este acordo, enviamos ao mundo uma mensagem clara: o comércio internacional pode e deve ser um motor para o desenvolvimento sustentável”, destacou o vice-presidente, que presidiu a reunião.
Entre os princípios que nortearão os trabalhos, destaca-se o reconhecimento do direito soberano dos países de regulamentar suas economias de forma a promover o desenvolvimento sustentável, além da necessidade de garantir um ambiente de comércio internacional justo e competitivo.
Em reunião do G20 em Washington, Haddad volta a defender taxação de grandes fortunas
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participou ao longo da semana, em Washington, de uma série de compromissos internacionais, incluindo a reunião de ministros de Finanças no âmbito do G20.
Em seu discurso na abertura da plenária ministerial do bloco, em Washington, nos Estados Unidos, Haddad defendeu que o G20 assuma uma “ambiciosa” agenda de tributação.
“Defendemos que o G20 assuma uma nova e ambiciosa agenda de tributação. Devemos agir juntos para garantir que os super-ricos paguem sua cota justa em impostos de modo a combater a desigualdade”, afirmou.
Ele anunciou que o Brasil voltará a contribuir com a Associação Internacional do Desenvolvimento (IDA, da sigla em inglês), uma organização do Banco Mundial que fornece subsídios e empréstimos sem juros aos países mais pobres.
Em sua fala, o ministro também defendeu que os países aumentem substancialmente o financiamento climático e as transições energéticas rápidas e equitativas, compatíveis com os meios de subsistência e biodiversidade ao redor do mundo.
Também pontuou que os países integrantes do G20 devem aumentar significativamente os investimentos em prevenção, preparação e resposta a pandemias.
“Embora juntos tenhamos enfrentado a pandemia da Covid-19 e melhorado nossa capacidade coletiva de lidar com emergências globais de saúde, ainda há muito a ser feito nessa área. Os riscos de uma nova pandemia continuam a aumentar, exacerbados pela perda de biodiversidade e pelas mudanças climáticas”, afirmou.
Bloco aprova plano de reforma de bancos de desenvolvimento
O G20 aprovou na última quarta-feira (23) que os bancos multilaterais de desenvolvimento terão à disposição mais ferramentas para ampliar os investimentos em projetos sustentáveis e estimular o desenvolvimento global.
Entre os principais bancos multilaterais de desenvolvimento estão o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento e o Novo Banco de Desenvolvimento (chamado de Banco do Brics).
Segundo Haddad, o plano está baseado em três pilares:
- aprimoramento da eficiência operacional;
- aumento da capacidade financeira e fortalecimento da coesão; e
- melhoramento da eficácia dessas instituições financeiras.
“Os bancos precisam continuar refinando seus processos para se adaptar às dinâmicas em constante transformação no cenário global de desenvolvimento. Isso envolve, entre outras ações, fortalecer o apoio a plataformas de financiamento lideradas pelos países, agilizar os fluxos de projetos e fomentar a inovação”, afirmou Haddad em seu discurso.
O documento foi aprovado por consenso, segundo Haddad, e resulta de um trabalho iniciado pela Índia, que ocupou a presidência anterior do grupo.
Haddad também defendeu o aumento de mecanismos de proteção cambial para reduzir o prejuízo a países em desenvolvimento tomadores de empréstimos em momentos de alta do dólar, e o incentivo a financiamentos em moedas locais.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias e Agência Brasil