O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, divulgada ontem (14), aliviou a tensão do mercado financeiro. “Tinha mais rumor do que verdade. Está tudo tranquilo lá [no Copom]”, afirmou o ministro, após ser questionado por jornalistas.
Na reunião do Copom, na semana passada, a diretoria do BC decidiu reduzir o ritmo de corte da taxa Selic – que caiu 0,25 ponto percentual, de 10,75% para 10,50% ao ano.
A decisão, no entanto, foi dividida, uma vez que quatro diretores indicados pelo governo Lula 3 votaram favoravelmente a um corte maior, de 0,50 p.p., gerando estresse no mercado financeiro sobre uma possível leniência com a política monetária no futuro.
Quatro diretores mais antigos e o presidente do BC, Roberto Campos Neto, formando uma maioria, optaram por uma redução menor na taxa Selic.
Na ata divulgada ontem, os diretores que votaram pelo corte maior justificaram seus votos ao cumprimento do guidance da reunião anterior, que indicava corte nessa proporção na reunião da semana passada. Na justificativa, disseram que não seguir o guidance geraria um “custo de oportunidade”.
Por sua vez, os cinco que votaram pelo corte de 0,25 p.p. na Selic avaliaram que “o forward guidance indicado na reunião anterior sempre foi condicional e houve alteração no cenário em relação ao que se esperava”.
De todo modo, o mercado reagiu bem ontem à divulgação da ata. O Ibovespa fechou com alta de 0,28%, aos 128.515 pontos. O dólar, por sua vez, terminou a sessão a R$ 5,1303, com queda de 0,40% no mercado à vista.
Segundo Haddad, ata apresentou duas posições “técnicas, respeitáveis”
O ministro da Fazenda disse que a ata do Copom apresentou duas posições “técnicas, respeitáveis”. “A ata deixou claro que os argumentos de lado a lado eram pertinentes e defensáveis”, opinou.
Questionado por jornalistas, o ministro afirmou que o Banco Central deve buscar, por meio da definição do patamar da taxa básica de juros da economia, o centro das metas de inflação.
Para o ministro, a banda em torno da meta central, de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo, deve ser utilizada somente em exceções. “A banda existe para casos excepcionais”, declarou.
O CMN (Conselho Monetário Nacional) definiu o centro da meta de inflação a ser perseguida neste e no próximo ano em 3%, com oscilação de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos.
O mercado financeiro já precificou a decisão do Copom. Os mais de cem agentes consultados para o Boletim Focus do BC, divulgado na última segunda-feira (13), elevaram a projeção para a taxa básica de juros de 9,63% para 9,75% no fim de 2024. A previsão de 2025 continuou igual nas semanas anteriores, em 9%.
Para a inflação, os mais de cem analistas consultados para a publicação, divulgada nesta segunda-feira (13), aumentaram a expectativa para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) de 3,72% para 3,76% ao fim de 2024. Para 2025, a previsão também aumentou, de 3,64% para 3,666%.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias