O número de empresas ativas no Brasil, em 2020, aumentou para 5,434 milhões, cerca de 194,8 mil a mais do que em 2019, o que corresponde a um aumento de 3,7%. Em contrapartida, o número de assalariados caiu 1,8%, passando de 46,214 milhões para 45,389 milhões. A diferença no número de assalariados equivale a cerca de 825,2 mil postos de trabalho formal fechados no ano. O número de empresas sem assalariados registrou um crescimento de 8,6%, mais do que o dobro do aumento registrado entre as empresas ativas no País.
Os dados sobre o número de assalariados fazem parte do Cadastro Central de Empresas (Cempre), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na quinta (23). Os números mostram que a pandemia promoveu o aumento do chamado empreendedorismo por necessidade no Brasil. “Na série histórica da pesquisa, foi a primeira vez que a queda no número de assalariados ocorreu simultaneamente a um aumento expressivo no número de empresas”, destacou o IBGE.
Ao analisar o número de empresas de acordo com a faixa de pessoal ocupado, observou-se que o crescimento do número de empresas ocorreu somente entre aquelas sem nenhum empregado – em todas as outras faixas houve queda no número de empresas ativas.
Diante desse movimento, o país passou a ter 7,307 milhões de empresários (sócios e proprietários), 301,8 mil a mais que o registrado em 2019, o que corresponde a um aumento de 4,3% no período.
Todas as atividades econômicas registraram aumento do número de empresas sem funcionários, com destaque para o segmento de eletricidade e gás e saúde humana e serviços sociais, com alta de 29,1% e 14,2%, respectivamente.
Já as empresas que possuíam ao menos um funcionário tiveram queda em 8 das 17 atividades econômicas. As mais impactadas pelo fechamento de empresas foram as atividades de artes, cultura, esporte e recreação, com queda de 10,6%, e de alojamento e alimentação, com recuo de 7%.
Do número total de assalariados, as mulheres foram as que mais perderam postos na pandemia
O levantamento mostrou que as mulheres foram mais prejudicadas que os homens no mercado de trabalho no primeiro ano de pandemia. Enquanto o número de homens ocupados assalariados caiu 0,9%, o de mulheres caiu 2,9%.
Do total de 825,3 mil postos de trabalho perdidos entre 2019 e 2020, cerca de 593,6 mil (ou 71,9%) eram ocupados por mulheres. Com isso, pela primeira vez desde 2009, houve queda na participação feminina no pessoal ocupado assalariado, de 44,8% em 2019 para 44,3% em 2020, o menor nível desde 2016.
De acordo com a pesquisa, os setores da economia que historicamente empregam mais homens tiveram aumento de pessoal em 2020, enquanto aqueles que ocupam mais mulheres se retraíram.
Segundo análise do IBGE sobre o número de assalariados, as atividades que mais perderam vagas são aquelas com maior participação feminina devido a questões históricas de a mulher estar mais voltada para os cuidados com a família.
Foi o que aconteceu, por exemplo, com Educação, composto majoritariamente por mulheres (66,9% do total), que perdeu 1,6% do seu pessoal assalariado. Já na construção, setor em que 90,6% dos ocupados são homens, houve aumento de 4,3% no número de assalariados.
O comércio, setor que concentra 19,0% das mulheres assalariadas, teve queda de 2,5% no total de pessoal ocupado assalariado. Mas, entre as mulheres assalariadas deste segmento, a queda foi maior: 3,2% contra 1,9% dos homens.
As diferenças entre homens e mulheres também aparece em termos salariais. Os homens receberam, em 2020, um salário médio mensal de R$ 3.263,51, o que significa 17,9% a mais que o rendimento médio das mulheres (R$ 2.768,6). As mulheres receberam, em média, o equivalente a 84,8% do salário médio mensal dos homens.
Estudo mostra que 32 milhões de pessoas estão na informalidade , o equivalente a 48,9% do número de assalariados no Brasil
Ontem (23), também foi divulgado estudo “Retrato do Trabalho Informal no Brasil: desafios e caminhos de solução” realizado pelo Instituto Veredas a partir de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cujos resultados foram divulgados pela Fundação Arymax e a B3 Socia, que mostra que mais da metade dos trabalhadores informais no Brasil depende dos chamados “bicos” como fonte de renda.
Em número absoluto, são cerca de 19,6 milhões de brasileiros, em sua maioria de cor preta, que atuam para subsistência, já que têm demanda de trabalho instável.
O IBGE considera como trabalhador informal aquele empregado no setor privado sem carteira assinada, o doméstico sem carteira assinada e o que atua por conta própria ou como empregador sem CNPJ, além daquele que ajuda parentes em determinada atividade profissional.
Como resultado do estudo sobre o número de assalariados foi identificado um contingente de 32,5 milhões de pessoas na informalidade, o equivalente a 48,9% das ocupações existentes no Brasil. De acordo com o Instituto Veredas, quatro tipos distintos compõem o quadro de trabalhadores informais no país: os informais de subsistência – trabalhadores com baixa ou nenhuma qualificação e que oferecem serviços de demanda instável, os chamados ‘bicos’; os informais com potencial produtivo – trabalhadores que não são formalizados por conta dos custos implicados ou pela falta de oportunidades de formalização.
Há os informais por opção – trabalhadores que têm condições de se formalizar no mercado, mas preferem ampliar a receita a investir na formalização; e os formais frágeis – trabalhadores com carteira de trabalho assinada ou CNPJ, mas que atuam mediante contratos intermitentes, redução dos direitos formais e ameaça de voltar à informalidade total.
Dentre os quatro tipos, os informais de subsistência somam a maior parcela. Mais vulneráveis que os demais, têm o perfil bem definido, segundo o estudo: homem, jovem, de cor preta e baixa escolaridade. A maior parte, 75%, tem o ensino fundamental incompleto. Na faixa etária de 14 a 17 anos, o grupo representa mais de 80% e nas idades de 18 a 24 anos, os informais de subsistência são 64% do total.
Na análise regional, o tipo mais vulnerável de trabalhador informal soma quase metade dos trabalhadores da Região Norte (49%) e chegam a 45,5% no Nordeste (45,5%). A maioria deles trabalha com serviços ligados a comércio, reparação de veículos e construção.
Redação ICL Economia
Com informações das agências de notícias