Impacto da pandemia na educação acarretará em geração mais pobre no Brasil

O negacionismo do governo Bolsonaro sobre a pandemia da Covid-19 foi um agravante para a situação da educação no país.
20 de maio de 2022

O impacto da pandemia na educação fará com que o Brasil seja, entre as maiores economias do globo, um dos países que mais perderam renda, segundo estimativas do Fundo Monetário Internacional (FMI). De acordo com a organização, caso não seja suprida essa deficiência do aprendizado, a renda média brasileira pode cair em 9,1% ao longo da vida.

O relatório do FMI, divulgado esta semana (17), explica que o impacto da pandemia na educação não tem precedentes. E os efeitos na economia, como desigualdade de renda, deixarão sequelas longas. “Se não for abordado, o consequente impacto no capital humano reduzirá os níveis de qualificação e a produção agregada nas próximas décadas —com maior desigualdade”, diz o documento.

O fechamento das escolas, sem um ensino adequado à distância, gerou efeitos mensuráveis nos alunos. De acordo com o FMI, várias das 20 maiores economias notaram queda substancial nos testes de desempenho, além da queda de matrículas em todos os níveis de ensino e da evasão escolar. O prognóstico coloca o Brasil na terceira pior posição entre os países do G20, atrás apenas da Indonésia – onde a perda é estimada em 9,7% – e do México, que lidera o ranking com 9,9%.

Projeções demográficas indicam que a geração de estudantes afetados representará até 40% da população em idade ativa nas economias do G20 nas próximas décadas.

Sem qualificação, a renda dessa população será menor e o crescimento do país a longo prazo deve murchar, caso os governos não invistam em ações públicas para amenizar esses efeitos, diz o documento.

A menor qualificação pode aumentar o mercado de trabalho informal, e a população mais pobre, sem aprendizado, pode ser vítima de uma desigualdade que tende a aumentar.

Fechamento das escolas e o impacto da pandemia na educação

O negacionismo do governo Bolsonaro sobre a pandemia da Covid-19 foi um agravante para a situação da educação no país. O fechamento das escolas durante o período de maiores índices de casos da doença e de mortes, e sem vacinas, foi uma medida extremamente necessária. No entanto, o governo não deu suporte e assistência a alunos e professores. Sem uma política definida e sem verbas, estados e municípios fizeram suas próprias regras e adaptações para o ensino não presencial.

O resultado é que as escolas públicas não conseguiram cumprir a meta do ensino à distância. Faltou de tudo. No mínimo, equipamentos, como computadores e tablets, acesso à internet para os alunos e treinamento aos professores.

Aumento da evasão escolar durante a pandemia

Um estudo divulgado pela FGV, em janeiro deste ano, apontou que a evasão escolar aumentou na faixa entre 5 a 9 anos durante a pandemia –passando de 1,41% para 5,51% entre 2019 e 2020, crescimento de 197,8%. A taxa elevou o percentual a níveis observados em 2006.

A pesquisa também revelou que, no quesito do tempo de aprendizado, alunos de baixa renda e escolas públicas tiveram as piores perdas: entre alunos inscritos no extinto Bolsa Família –agora, Auxílio Brasil– o período médio passou de 4h01min em 2006 para 2h01min em 2020.

Câmara aprova o homeschooling

O descompromisso do governo, e sua base no Congresso, com a educação talvez possa estar refletido também na aprovação pela Câmara dos Deputados, nesta quinta-feira (19), do projeto que regulamenta a prática do homeschooling (ensino domiciliar) no Brasil. O projeto agora segue para ser apreciado pelo Senado.

Atualmente, o ensino domiciliar não é permitido no país por decisão do STF – Supremo Tribunal Federal. Com base na Constituição, os ministros argumentam que o dever de educar implica cooperação entre Estado e família, sem exclusividade dos pais.

Redação ICL Economia
Com informações das agências

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